Bolsonaro testa a gratidão dos que têm dívidas impagáveis

"Um golpe fracassado não sairá de graça para quem vive de preservar interesses", escreve o colunista Moisés Mendes

(Foto: Reprodução)


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Por Moisés Mendes, para o 247

Grandes empresários que prometeram a Bolsonaro uma luta heróica e incessante pelo golpe já abandonaram o líder.

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Poucos continuam promovendo nas redes sociais os acampamentos na frente dos quartéis.  

São os que ainda têm coragem para expressar gratidão e fidelidade incondicional a Bolsonaro. O resto todo se evaporou, se dispersou e começou a silenciar em dezembro.

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Os homens do dinheiro poderiam inspirar os patriotas até o limite, mas mandaram dizer a alguns jornalistas que estariam cansados de guerra, até mesmo no zap. 

Uma guerra em que eles não aparecem presencialmente, mas financiam e empurram manés em transe para a linha de frente.

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O cansaço pode ser muito mais o temor com as consequências do que não deu certo e dificilmente dará. 

Um golpe fracassado não sairá de graça para quem vive de preservar interesses. O silêncio é a exaustão misturada à covardia.

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Há refluxo num movimento que nunca se revelou forte o suficiente para conseguir o que a extrema direita queria.

Os bloqueios nas estradas desapareceram, e tem mais gente voltando do que indo em direção aos acampados.

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Bolsonaro fica no meio do caminho, mais atrapalhando do que orientando condutas, e os últimos a levarem o blefe a sério não sabem com quem contar.

É possível que a clausura de Bolsonaro tenha sido motivada pela dúvida. Em algum momento ele percebeu que não poderia contar com empresários que tiveram proteção do governo e políticos que construíram seus planos comendo na sua mão.

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Mas o derrotado irá cobrar essa conta. Cobrará dos que se beneficiaram das suas ações ou omissões, em muitas frentes, e dos que chegam a governos, ao Congresso e a Assembleias com mandatos que só existirão porque ele existe.

Saberemos, quando tapetes imundos forem erguidos pelo governo Lula, o que parte desse contingente de apoio a Bolsonaro ganhou para ser tão radical e ‘ideologicamente’ fiel ao tenente que mandava em generais.

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Que favores Bolsonaro dispensou a alguns apoiadores que vieram até aqui gritando o jogral do golpe e que só agora decidiram parar.

Que concessões criminosas foram feitas a grileiros, garimpeiros, contrabandistas de madeira e bandidos da floresta nos quatro anos de bolsonarismo? E não são apenas bandidos de chinelo de dedo.

Que ‘ideologia’ mobilizou empresários de peso na direção da aventura do golpe, quando uma ruptura sempre foi considerada improvável? O que fez esse gesto temerário valer a pena?

Um dia descobriremos que motivações mais específicas levaram patriotas de grife a se transformar em alvos de Alexandre de Moraes, que terá de enquadrar alguns deles, para que não pegue só a manezada. 

Enquanto isso, Bolsonaro vai cobrando a conta, que pode ser paga de várias formas. Os devedores sabem bem como funciona esse PIX de transferência de suporte político e afetivo.

Bolsonaro vai precisar de trincheiras e de carinho. Sem mandato, sem orçamento secreto, sem o centrão, sem militares e sem bajuladores oportunistas, o sujeito passa a ser uma incógnita à espera de um futuro.

E o que ele será depende muito dos que tiveram a sua proteção, alguns dos quais envolvidos em investigações e até hoje impunes. Bolsonaro vai precisar de quem precisou dele para negócios diversos.

Empresários poderosos, com fama nacional, não poderão abandoná-lo quando estiver ao relento da proteção do PL, num condomínio de luxo de Brasília onde grupos de moradores já anunciaram que irão rejeitá-lo.

O entra-e-sai no condomínio Ville de Montagne, no Jardim Botânico, vai dizer se o suporte a Bolsonaro será presencial, efetivo e concreto, ou apenas gasoso e remoto. 

Ainda nesse verão, o enclausurado saberá com quem pode contar para não virar um Eduardo Cunha. 

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