Bolsonaro quer um país de ignorantes. Não conseguirá

"Jair Bolsonaro, seus auxiliares e seu aliados empenham-se em uma verdadeira cruzada cuja missão é transformar o Brasil em um país de ignorantes", diz Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia; Há setores, diz ele, com "um perigo real no que tange ao desmonte radical de tudo que foi conquistado pelos trabalhadores, ao longo de décadas, e a toda e qualquer soberania e autodeterminação do Brasil"

Bolsonaro quer um país de ignorantes. Não conseguirá
Bolsonaro quer um país de ignorantes. Não conseguirá (Foto: Esq.: ABR)


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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia

Pós-graduados em falta de noção, doutores em embuste e mestres em lorota, o presidente Jair Bolsonaro, seus auxiliares e seu aliados empenham-se em uma verdadeira cruzada cuja missão é transformar o Brasil em um país de ignorantes. Não conseguirão. Mas, a intenção ficou muito clara durante a patacoada do último domingo, quando pequenos grupos foram às ruas gralhar que educação e democracia são elementos descartáveis e sem qualquer importância. Se vivo fosse, o genial Sérgio Porto, imortalizado como Stanislaw Ponte Preta, teria que reeditar o seu clássico Febeapá (Festival da Besteira que Assola o País). Com toda certeza, em um volume maior que todos os outros.

Fracasso retumbante que só não aconteceu aos olhos, e nas páginas, de alguns jornais da grande imprensa, as manifestações viraram um circo de horrores. Espetáculo deprimente com direito a cenas bizarras como a destruição, pela turba bolsonariana, de uma faixa que pedia “apoio à educação”, afixada na UFPR, universidade pública no Paraná. A ação, embora inacreditável para qualquer cabeça normal, é um retrato fiel do público que foi às ruas defender um governo fascista e um presidente que troca escola por clube de tiro.

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Ponto crítico em um governo que não consegue sair do buraco em que se meteu ao longo de cinco tristes meses de existência, a Educação está pagando o pato pelo “novo” país que os eleitores de Bolsonaro permitiram surgir das urnas. Começou mal, com um ministro folclórico que colecionou patetices e acabou caindo pelo conjunto da obra. O colombiano Vélez Rodriguez virou um meme ambulante, membro de um grupo inacreditável de ministros cuja característica é a bizarrice e o alto poder de produzir besteiras. Dessa trupe, ainda exercem a missão de divertir a patuleia Damares Alves, da Mulher e (acredite!) dos Direitos Humanos, e o chanceler suplente Ernesto Araújo (o titular, de fato, é o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro).

Esse grupo de auxiliares, há quem aposte, está no governo (como estava o intrépido Veléz) para, perante o grande público, realizar ações diversionistas para tirar de foco a ação mais nociva e importante de ministros como Paulo Guedes, da Economia, e de ações de governo como a submissão crescente do País aos Estados Unidos, função tocada pessoalmente pelo presidente e por sua área de Justiça e Segurança. Aí, nesses setores, um perigo real no que tange ao desmonte radical de tudo que foi conquistado pelos trabalhadores, ao longo de décadas, e a toda e qualquer soberania e autodeterminação do Brasil.

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É como se, às vésperas de se definir algo muito grave e prejudicial aos brasileiros – venda do Banco do Brasil seria um exemplo), a “inteligência” do governo se reunisse e convocasse um desses ministros diversionistas e encomendasse um bobagem daquelas bem estapafúrdias (“homens só vestem azul; mulheres só usam rosa”, por exemplo) para o público e a mídia discutirem e se ocuparem. Um pouco de circo sempre que se precisar encobrir a falta de pão.

No caso da Educação, tema dessas mal traçadas, pode se dizer que houve prejuízo para o País com a troca de ministros. O atual titular da pasta, Abraham Weintraub não é apenas risível como era o caso de seu antecessor. O homem era a segunda pessoa da Casa Civil e foi um dos formuladores da Reforma da Previdência de Bolsonaro. Aparentemente é um formulador e, ao contrário de Veléz, é ouvido pelo seu chefe. Em comum com o colombiano, a princípio, o nível cultural e o pendor para inventar qualidades e títulos que, na verdade, não possui.

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É de Weintraub, por exemplo, a tese segundo a qual corte e contingenciamento não guardam semelhanças e são coisas completamente diferentes. A rigor, trata-se da mesma coisa e versa sobre o mesmo efeito: quem é vítima de um ou de outro deixa de receber. Os efeitos juntos às universidades dos cortes (ou do “contingenciamento”) de 30% nas verbas das universidades federais significam uma coisa só: golpe mortal no ensino público universitário e uma farra para as universidades pagas, cuja valorização acionária já é grande unicamente pelo assunto ter vindo à tona.

Voltando às manifestações de domingo, mesmo tendo sido o fiasco de público que foi, chamou atenção ainda ter juntado o pessoal que juntou. Isso pela legião de “desertores” que, por verem o nível dos atuais governantes, já saltaram fora dessa barca furada. Nível que segue a linhagem do bolsonarianismo, onde vale tudo. A começar por um presidente comemorar o “êxito” da empreitada com uma imagem feita em 2015, de uma idosa que faleceu. Mais uma fakenews de um governante que se elegeu à base delas.

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Enquanto isso, no Brasil verdadeiro, Chico Buarque ganha o Prêmio Camões pelo imenso conjunto de sua obra; Kléber Mendonça e Juliano Dornelles recebem o inédito (para o Brasil) Prêmio do Juri do Festival de Cinema de Cannes, o mesmo no qual outro cineasta, Karim Anouz, leva o outro importante prêmio, o “Certo Olhar”; Paulo Freire, 22 anos depois de sua morte, ainda é o educador brasileiro mais estudado e adotado no exterior. Contra esse Brasil que enobrece e dá orgulho, a barbárie que infestou o domingo nada pode fazer. Por mais que tentem.

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