Bolsonaro quer mais destruir Moro que Lula

"O que interessa a Bolsonaro, em última análise, é que Moro fique longe das eleições de 22, seja em cana, seja livre, seja no Brasil, ou nos Estados Unidos", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Bolsonaro disputou sozinho na raia da direita, em 2018, e, para manter sua hegemonia em 22, precisa eliminar seus concorrentes nessa faixa. Não está disposto a dividir seus eleitores com ninguém. Ganhou em 2018 porque só havia ele; tem que ser só ele em 22.

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A essa altura ele não está preocupado em bombardear Lula nem o PT, precisa garantir ser o primeiro e único entre os eleitores de direita. Daí seu empenho em destruir o trio que poderia ameaçar sua reeleição, dividindo a direita: Witzel, Moro e Dória.

Witzel já foi à lona. Ninguém aposta um centavo na sua sobrevivência política. Bolsonaro acertou na cabecinha.

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O próximo a ser destruído é Moro.

O campo de batalha é a PGR, amplamente favorável a Bolsonaro. Se não ficar comprovado que ele interferiu na Polícia Federal, a acusação de Moro vira calúnia e numa dessas o ex-juíz pode até puxar uma cana, na pior - e remota – hipótese.

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O que interessa a Bolsonaro, em última análise, é que Moro fique longe das eleições de 22, seja em cana, seja livre, seja no Brasil, ou nos Estados Unidos.

A outra frente de destruição de Moro é o desmonte da Lava Jato, anunciada ontem pelo próprio Bolsonaro. “Acabei com a Lava Jato” gabou-se ele.

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Hoje, Moro respondeu que o fim da Lava Jato só interessa à corrupção, batendo forte no ex-aliado e mostrando disposição para continuar sua cruzada moralista, que é sua única credencial numa possível disputa em 22. Se a Lava Jato estiver morta até lá, Moro vai cair do andaime com a broxa na mão.

Para manter Moro longe de 22, Bolsonaro também poderá contar com sua matilha digital, especializada em fazer ameaças e amedrontar pessoas e sua famílias.

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Já a guerra com Dória se dá no campo das vacinas. Bolsonaro pressiona o ministério da Saúde a não aceitar parceria com o estado de São Paulo para distribuir nacionalmente a vacina chinesa, além da de Oxford, já contratada.

Em vez de priorizar a saúde dos brasileiros, que precisam de todas as vacinas disponíveis, quanto mais, melhor, pois só a de Oxford será insuficiente, Bolsonaro barra o acordo para impedir que Dória ganhe votos em 22.

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Ou seja, em vez de dividir os possíveis louros com Dória, e demonstrar que prioriza o bem estar da população, prefere que os louros não sejam de ninguém.

Prefere destruir Dória.

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E os brasileiros que se lasquem.

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