Bolsonaro, quem diria, aderiu ao “Lula livre”

O colunista do 247 Alex Solnik avalia que "apesar de ter proclamado o desejo de ver Lula "apodrecer na cadeia", Bolsonaro fez um movimento na direção oposta" ao convidar Sérgio Moro para ser o seu ministro da Justiça e Segurança Pública;para ele, o convite "será o habeas corpus que o ex-presidente não recebeu do STF. Ou o indulto que suspeitavam que Haddad lhe daria";" Ninguém pode ser tido como bom juiz depois de revelada sua parcialidade e viés político num julgamento momentoso e capital para o país" e que "a tese da defesa de Lula, de que ele era suspeito para julgar o ex-presidente agora ficou comprovada. E, pior, ficou explícito que Moro atuou como aliado do maior adversário de quem ele condenou", ressalta

Bolsonaro, quem diria, aderiu ao “Lula livre”
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Todo mundo imaginava que a porta de saída da cadeia para Lula seria a eleição de Fernando Haddad. Mas, por ironia do destino tudo indica que quem vai ajudar a soltar Lula vai ser Jair Bolsonaro. O convite ao juiz Sérgio Moro para o futuro governo – aceito hoje - será o habeas corpus que o ex-presidente não recebeu do STF. Ou o indulto que suspeitavam que Haddad lhe daria. E o crepúsculo da fama de Moro. Ninguém pode ser tido como bom juiz depois de revelada sua parcialidade e viés político num julgamento momentoso e capital para o país. Além do fato de que aceitou participar de um governo liderado por quem tem por ídolo um torturador condenado pela Justiça e que já se declarou favorável à prática de tortura que é crime tipificado em lei e repudiado em todos os países civilizados.

Apesar de ter proclamado o desejo de ver Lula "apodrecer na cadeia", Bolsonaro fez um movimento na direção oposta. O capitão errou no alvo. Seu gesto reforçou a possibilidade de o STF libertar Lula no ano que vem.

Ao dizer sim ao convite, Moro tem que abandonar a toga desde já e vestir as suas tradicionais camisas pretas e renunciar, é óbvio, a todos os processos que abriu contra o ex-presidente. Também não poderá interrogar Lula no próximo dia 12 a respeito do sítio de Atibaia. Mas isso é só o começo.

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A tese da defesa de Lula, de que ele era suspeito para julgar o ex-presidente agora ficou comprovada. E, pior, ficou explícito que Moro atuou como aliado do maior adversário de quem ele condenou - Mônica Bergamo relata hoje encontro de Moro com Paulo Guedes durante a campanha. Ou seja, além de o processo não apresentar provas do crime, não visava fazer justiça, mas afastar o candidato favorito das eleições.

Lula tem que agradecer a Bolsonaro porque depois disso os ministros do STF que vão julgar o caso do tríplex no ano que vem não terão como não concordar com a tese da defesa: o julgamento não foi imparcial. A condenação teve finalidade política. E julgamento que não é imparcial tende a ser anulado.

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E se o processo do tríplex for anulado, todos os demais contra Lula deverão ter o mesmo destino por terem tido a mesma motivação.

Quem diria que Bolsonaro, sem querer, iria aderir ao Lula livre.

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