Bolsonaro promove a ditadura dos ricos

"Agora, com a pandemia, a preocupação dele é com a economia e, em particular, com os mais ricos. Retoma aquele refrão canalha de “querem direitos ou empregos” e, ao invés de proteger os mais vulneráveis, se volta para aumentar ainda os lucros dos ricos, mesmo na crise", denuncia Emir Sader

(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


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Ele nunca escondeu que governa para os ricos. Desde que se deu conta que teria e poderia ganhar o apoio dos grandes empresários, escolheu um ministro da economia ultra neoliberal para ganhar esse apoio.  A concepção que o Guedes passou para ele é a de que quanto mais se facilitam os investimentos dos grandes empresários, mais cresce a economia e se resolvem os problemas do país.

Desde que assumiu o governo foi facilitando cada vez mais as condições para os investimentos, com menos impostos, menos regulações estatais, menos direitos para os trabalhadores, mais créditos subsidiados para os grandes empresários, privatização do patrimônio público a preço de banana. Mas nao há investimentos, a economia entrou em recessão já antes da pandemia, os capitais giram na especulação financeira, que não cria nenhum bem e nenhum emprego. E os capitais passaram a fugir do país.

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Em contrapartida, mesmo com todas as barbaridades que ele faz e diz na presidência, os grandes empresários nunca retiraram o apoio ao governo, fechando os olhos para a destruição do país e para o desprestígio do Brasil no mundo.

Nunca a superexploração dos trabalhadores foi tão alta. O desemprego voltou a ser estrutural, permanente. Os trabalhadores se submetem a qualquer ocupação, por qualquer remuneração, para terem alguma renda, por miserável que seja. As ocupações que crescem são sem carteira de trabalho, sem direito algum, na maior precariedade.  

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Agora, com a pandemia, a preocupação dele é com a economia e, em particular, com os mais ricos. Retoma aquele refrão canalha de “querem direitos ou empregos” e, ao invés de proteger os mais vulneráveis, se volta para aumentar ainda os lucros dos ricos, mesmo na crise, com essa medida provisória que promove a ditadura dos mais ricos. Mesmo antes da pandemia, nunca se preocupou com o desemprego, agora finge que pretende privilegiar a economia e não a saúde das pessoas, para defender o emprego dos trabalhadores. Nisto, como em tudo, é um farsante.

Os trabalhadores, impossibilitados de trabalhar pelo fechamento das empresas, reclusos obrigatoriamente nas suas casas pelas medidas preventivas diante da pandemia, agora passariam a ter seus salários cortados por quatro meses. Uma medida arbitrária, ditatorial, que tem vigência imediata, salvo se o Congresso rejeitar. Mas se não houver votação e enquanto não houver, a medida tem vigência.

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Isto é, os trabalhadores, sobrevivendo com seu parco salário, tendo agora que bancar os custos para proteger sua família da pandemia, teria que ficar sem seu salário – que não é poupança, é fonte para os gastos básicos diários, de alimentação, saúde, aluguel -  durante quatro meses. Uma medida que sem nem sequer disfarça na sua defesa dos empresários, suspendendo seus gastos com salários, ao mesmo tempo que reduz a capacidade de sobrevivência dos trabalhadores.

Resta ao Congresso agir de imediato impedindo essa medida ditatorial a favor dos ricos e contra os pobres. Os presidentes da Câmara e do Senado, que correm sempre a dizer que nenhuma medida que criem mais impostos, por exemplo, será aprovada, se reserva até agora o silêncio. Preferem não contrariar os grandes empresários que financiam suas campanhas, do que atender a massa dos trabalhadores. Os parlamentares vão se resignam a essa medida que afeta negativamente  a grande maioria dos trabalhadores e suas famílias?

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  Uma medida provisória que escancara o papel do Estado liberal como ditadura das classes dominantes contra a maioria da população. Como instrumento da superexploração dos trabalhadores e de aumento exponencial da acumulação de capital. Uma medida a mais pela qual Bolsonaro mostra que governa para os ricos e contra os pobres. Uma medida que exacerba a luta de classes e convoca à mobilização de resistência dos milhões de trabalhadores brasileiros. 

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