Bolsonaro prefere ser truculento a ser corrupto

"Truculência provoca reações indignadas da classe média, da imprensa, é claro, que foi atingida, de entidades democráticas, mas não tem a mesma repercussão junto ao povão, que é onde ele está cabalando voto", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Alex Solnik e Jair Bolsonaro
Alex Solnik e Jair Bolsonaro (Foto: Felipe Gonçalves/Brasil 247 | Isac Nóbrega/PR)


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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Ao responder de forma troglodita à pergunta do repórter da Globo sobre os depósitos de Queiróz na conta da primeira-dama, Bolsonaro rasgou a máscara de “Jairzinho Paz e Amor”, mostrou sua face autoritária, mas foi esperto: pôs foco na truculência e não na corrupção.

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Hoje está todo mundo comentando sua agressividade com a imprensa, e não o seu elo com a corrupção, que é Queiróz.

De mais a mais, truculência provoca reações indignadas da classe média, da imprensa, é claro, que foi atingida, de entidades democráticas, mas não tem a mesma repercussão junto ao povão, que é onde ele está cabalando voto.

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Truculência passa imagem de pulso firme, valentão, dá voto em certos segmentos.

O que tira voto é rótulo de corrupto.

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É isso que assombra seu projeto de reeleição.

O primeiro abalo na sua fama de honesto foi o escândalo da rachadinha, que eclodiu logo depois de sua eleição no segundo turno, mas que se tivesse obedecido ao cronograma original da Polícia Federal teria explodido entre o primeiro turno e o segundo, o que implodiria sua candidatura.

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Desde então, Queiróz é o seu calcanhar de Aquiles.

Bolsonaro tem feito de tudo e mais um pouco para abafar o escândalo, jogou ao mar até Sérgio Moro para garrotear a Polícia Federal, e toda a sua movimentação junto a setores da Justiça, do Ministério Público e da PF tem por objetivo empurrar o processo com a barriga , no que vem obtendo êxito.

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Pelo andar da carruagem, tudo indica que o processo contra Flávio e Queiróz só vai deslanchar quando Bolsonaro sair da presidência e a oposição assumir o poder.

Não acredito que o factotum dos Bolsonaro ponha a boca no trombone algum dia, mas ainda que a rachadinha não venha a ser o estopim do impeachment, ela corrói a imagem de honesto de Bolsonaro.

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É preciso entender, no entanto, que não é de um dia para o outro que a pecha de corrupto gruda num político. É um processo de desconstrução que pode levar décadas. O caso mais exemplar é o de Paulo Maluf, cujo sobrenome virou sinônimo de corrupção muito antes de ele perder popularidade e ser preso.

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