Bolsonaro precisa de Boulos para derrotar Doria
"A vitória de Boulos é mais vantajosa para Bolsonaro: além de impor uma derrota fragorosa ao seu adversário de 2022, poderá dizer que Dória é tão fraquinho que perdeu para um 'comunista'", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "Tudo indica que a artilharia da militância digital bolsonarista vai mirar mais em Dória que em Boulos"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
A julgar pela fúria com que o ainda prefeito do Rio, Marcelo Crivella, atacou o governador João Dória, com xingamentos homofóbicos e insinuações de corrupção, está na cara que a prioridade dos bolsonaristas, neste segundo turno, é derrotar Dória.
E, portanto, derrotar Covas.
No primeiro turno, a eleição foi municipal. No segundo, será nacional.
Ao menos em São Paulo, onde a disputa é tripla: Lula vs. Bolsonaro vs. Doria.
Lula contra Dória e Bolsonaro; Bolsonaro contra Dória e contra Lula; Dória contra Lula e contra Bolsonaro.
A cidade é o maior colégio eleitoral do país, com quase 9 milhões de eleitores.
Lula vai entrar na campanha de Boulos pra valer, enquanto Dória e Bolsonaro vão assistir de camarote.
Embora seja uma verdadeira escolha de Sofia, a vitória de Boulos é mais vantajosa para Bolsonaro: além de impor uma derrota fragorosa ao seu adversário de 2022, poderá dizer que Dória é tão fraquinho que perdeu para um “comunista”.
Ele prefere a vitória de Boulos porque precisa alijar da disputa de 2022 em primeiro lugar os adversários do campo da direita: Witzel já foi despachado, agora é a vez de Dória. Se eleger Covas terá um palanque imenso.
Além disso, se eleito, Boulos vai governar a cidade por quatro anos; ficará fora da disputa presidencial, na qual poderia ser o principal candidato das esquerdas.
Bolsonaro precisa de Boulos para derrotar Dória, e Boulos precisa de Bolsonaro para derrotar Covas: tanto é que vai carimbar Covas como bolsonarista, o que não será difícil, já circula nas redes sociais a foto em que Covas, sorridente, tira uma selfie com Dória e Bolsonaro em 2018.
Isso deixa Covas numa saia justa: ele não atacou Bolsonaro no primeiro turno, nem vai atacar no segundo. Quem cala, consente. E ainda por cima aceitou o apoio de Russomanno, o bolsonarista explícito da campanha.
Dizer que em 2018 não votou em Bolsonaro e sim nulo não ajuda em nada, porque quem votou nulo no segundo turno ajudou a eleger o ex-capitão.
Tudo indica que a artilharia da militância digital bolsonarista vai mirar mais em Dória que em Boulos.
Veremos na próxima pesquisa o estrago que vai causar.
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