Bolsonaro piscou?

Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, não acredita que a demissão "ágil e fulminante" do então secretário da Cultura, Roberto Alvim, "representará um precedente no caso de outros funcionários sem-noção". Para Helena, Alvim só caiu porque, desta vez, a canelada atingiu um importante setor da base de apoio de Bolsonaro

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)


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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

Tudo indica que não. A demissão do secretário da Cultura, Roberto Alvim, depois de parafrasear Goebbels num lamentável vídeo, foi acertada, ágil e fulminante. Mas dificilmente representará um precedente no caso de outros funcionários sem-noção, e muito menos um novo padrão de comportamento presidencial. Percam as esperanças.

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Roberto Alvim, que foi nomeado depois de ofender grosseiramente a maior atriz brasileira — Fernanda Montenegro — , só caiu porque, desta vez, a canelada atingiu um importante setor da base de apoio de Bolsonaro. A evocação nazista ofende de morte a comunidade judaica e os representantes do Estado de Israel, uma turma que está com Bolsonaro e não abre.

Nela está incluída uma boa parte da elite endinheirada de São Paulo e políticos importante de ascendência judaica, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Os protestos foram apoiados também pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estava esperando Bolsonaro na esquina para dar o troco pela demissão-surpresa de seu indicado no FNDE.

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O presidente foi rápido na reação e fez tudo certinho para conter a pancadaria que começou nas primeiras horas da sexta-feira. Episódio, aliás, que serviu para eclipsar a penúltima crise, que revelou as relações indecorosas do chefe da Secom, Fabio Wajngarten, com empresas de comunicação que, ao mesmo tempo, recebem verbas publicitárias do Executivo e contratam serviços da empresa do secretário.

No caso do chefe da Secom, Bolsonaro disse que “está tudo legal”, como fez tantas vezes ao longe de seu primeiro ano de governo diante de acusações e de atos irregulares de seus ministros. Simplesmente porque, na concepção bolsonariana — que, obviamente, deu base à nomeação de pessoas como Alvim — , o ilegal vira legal e o irregular vira regular num piscar de olhos, desde que se esteja do lado certo do balcão político-ideológico — o dele, evidentemente.

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