Bolsonaro não veio para explicar, e sim para confundir

"O comportamento de Jair Messias e seu filho, Flávio Bolsonaro, é o de quem está contra a parede e, possivelmente, pressionados pela milícia, com quem, sabidamente, mantém relações. Suas falas transpiram recados dirigidos aos seus", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: Esq.: Wilson Dias -A BR)


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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

O bordão do Velho Guerreiro – Chacrinha –: “Eu não vim aqui para explicar, eu vim para confundir”, cai como uma luva no momento Bolsonaro. Visivelmente apavorado com a morte do miliciano e ex-capitão da PM do Rio, Adriano Magalhães da Nóbrega, o presidente tenta jogar para a plateia frases de efeito que nada têm de presidenciais, e muito menos de providências efetivas para a elucidação do fato, que vem sendo rotulado como “queima de arquivo”.

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Ao dizer que tomou “providências legais” para a realização de uma perícia independente, ele tira da seara oficial do Estado um papel que lhe cabe. Ao mesmo tempo, se apropria do discurso da oposição, tentando embaralhar o jogo. Não cola. Apesar de inicialmente ter contado com as trapalhadas do governador Ruy Costa, da Bahia, onde tudo se passou, o comportamento de Jair Messias e seu filho, Flávio Bolsonaro, é o de quem está contra a parede e, possivelmente, pressionados pela milícia, com quem, sabidamente, mantém relações. Suas falas transpiram recados dirigidos aos seus. E por “seus”, entenda-se o grupo que tentam proteger. Imaginem como devem estar chovendo de mensagens dos demais envolvidos no grupo de Adriano, para o Planalto, a fim de saber até onde vão contar com apoio.  

Enquanto isto, os governadores em estado de beligerância com a família - Witzel (PSC), Dória (PSDB), e Eduardo Leite (PSDB) -, tentam tirar proveito da situação. Certamente o pedido de abertura de diálogo com Bolsonaro, feito pelo trio, não tem Adriano como pauta principal. Evidente que os govenadores em questão aproveitarão o momento de fragilidade de Bolsonaro para arrancar compromissos e pactos para 2020 ou 2022. E, neste caso, Witzel tem algumas braçadas de vantagem, pois detém na mochila 13 celulares encontrados na casa onde morreu Adriano, que valem o futuro presidencial,  

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Embora se diga que o miliciano costumava destruir os chips dos aparelhos dos quais ligava e recebia ligações, sempre há brechas tecnológicas para definir, por exemplo, com quem e com que frequência ele falou enquanto empreendia fuga pelo Nordeste. E se????

À medida que o nível da água sobe e já ultrapassou a cintura de Bolsonaro e seu filho Flávio, o papai segue amarrando pesos aos pés e a cada dia indo mais em direção ao fundo. Numa atitude “suicida”, ele se antecipa em colocar a hipótese de ser apontado como o mandante das mortes tanto de Marielle, quanto de Adriano.  

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Tal como os bobos da corte, que na Idade Média entravam em cena plantando bananeiras e dizendo frases desconexas para distrair os súditos, sempre que o rei estava em uma saia justa, Bolsonaro considera que dizendo coisas do tipo: “é necessário interpretar o texto”, ou: “áudios e conversas inexistentes podem ser inseridos nos aparelhos”, possa distrair a opinião pública. Ao fazer isto, ele deixa evidente que: se passa pela sua cabeça a possibilidade de ser acusado por essas mortes, essas acusações podem, sim, ser feitas. O seu subconsciente está a lhe dar rasteiras diárias, levando o seu indicador a apontar contra si mesmo. Aguardemos o que nos revelarão (ou não), os 13 celulares.

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