Bolsonaro não vai confessar que espalha o vírus
"Sem querer ensinar o padre nosso ao vigário, acho que os senadores da CPI da Covid – me refiro, é claro, ao G-7 - deveriam convidar mais epidemiologistas do que políticos, membros ou ex-membros do governo. Daí não sai nada", escreve Alex Solnik
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Se alguém está esperando que o próprio Bolsonaro ou algum bolsonarista vai dizer na cara dura que sim, que está trabalhando para espalhar o vírus, que está insistindo na tese da imunidade de rebanho por contágio pode tirar o cavalinho da chuva.
Não vai acontecer. Ninguém vai entregar Bolsonaro na CPI. Nem ele vai se entregar. Vai continuar fingindo que comprou as vacinas (ainda que tarde e pouco) e só não fez mais porque o STF não deixa.
Sem querer ensinar o padre nosso ao vigário, acho que os senadores da CPI da Covid – me refiro, é claro, ao G-7 - deveriam convidar mais epidemiologistas do que políticos, membros ou ex-membros do governo. Daí não sai nada. Vira um palanque para a cloroquina, nada mais.
Porque toda vez que ela está em foco as opiniões se dividem e o resultado é um só: as vendas aumentam adoidado, que é tudo o que G-3 quer.
Chamem epidemiologistas, senadores!
No próximo dia 16 será uma boa oportunidade.
Oitiva da epidemiologista Natalia Pasternak. Inteligentíssima, seríssima, boa gente.
Imaginem se um dos senadores, na sua vez de inquirir, pede para exibir no telão imagens de Bolsonaro nos fins de semana, promovendo aglomerações, sem máscara e sem nenhum cuidado.
Visto o vídeo, o senador pergunta à doutora:
“As cenas que a senhora acabou de ver ajudam a espalhar o vírus”?
Uma pergunta só. E o impacto da resposta será maior do que de um discurso de 15 minutos.
Chamem mais epidemiologistas, senadores, e repitam a cena. Mostrem o presidente fazendo comícios, como tem feito desde a pandemia. E perguntem aos cientistas:
“Essa cena ajuda a espalhar o vírus”? Somente os cientistas podem apontar o crime sem acusar o criminoso.
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