Bolsonaro mostra quem é ao tirar dinheiro da Educação para Defesa

"O que já foi possível perceber até agora, além da falta de dinheiro para investimentos para a economia voltar a crescer, é que a nova peça será feita à imagem e semelhança de Jair Bolsonaro, voltada unicamente para seus interesses", diz Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, sobre a proposta de Orçamento do governo Jair Bolsonaro para 2021

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

É natural que o Orçamento da União seja um território de múltiplas disputas entre governo, instituições políticas e forças da sociedade em torno da destinação do bolo de recursos arrecadados com os impostos. Faz parte do jogo que cada um queira puxar o máximo possível para seu ministério, que os deputados e senadores fiquem de olho em dinheiro para suas emendas, que representantes de setores e entidades ligados à Educação e à Saúde batalhem por mais verbas. A solução desses embates diz muito sobre a natureza de cada governo, cada Congresso, cada sociedade.

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Em pouco mais de dez dias, o Executivo estará enviando sua proposta de Orçamento 2021 ao Congresso, e o que já foi possível perceber até agora, além da falta de dinheiro para investimentos para a economia voltar a crescer, é que a nova peça será feita à imagem e semelhança de Jair Bolsonaro, voltada unicamente para seus interesses. 

Já se teve notícias de que o orçamento da Defesa terá mais verbas do que o da Educação, um absurdo tal que levou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a dizer que não acredita nisso. Hoje, os jornais noticiam que os R$ 2 bilhões do Censo do IBGE de 2021 podem ser destinados aos militares para completar o orçamento de pessoal das Forças Armadas. E o Censo? Fica para 2022. Uma clara prioridade bolsonariana.

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LIQUIDIFICADOR DO LEGISLATIVO

Da mesma forma, os recursos destinados à Educação e à Saúde, já submetidos ao teto de gastos, vão ficar abaixo dos patamares do ano anterior – ainda que descontados os gastos com a pandemia. Ou seja, diferentemente da área da Defesa, esses setores não tem maior importância para Bolsonaro. No campo social, deve haver dinheiro para o novo programa, o Renda Brasil, ainda que insuficiente para manter o patamar e o alcance do atual pagamento do auxílio emergencial. Mas isso também terá a digital de Bolsonaro, que viu sua popularidade crescer nos últimos meses com o auxílio e vê aí o caminho para tentar a reeleição. 

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Tudo isso vai passar pelo liquidificador do Legislativo, e nessa batida muita coisa vai derreter ou ser esmagada. Outras prioridades serão incorporadas e diferentes setores ouvidos e considerados – ou não. Mas o Orçamento que um presidente manda ao Congresso deveria ser olhado com lupa por todos os seus eleitores antes do processamento parlamentar. Ao expor absurdos como tirar dinheiro da Educação para a Defesa, pois mostra claramente quem ele é. 

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