Bolsonaro iniciará campanha em Juiz de Fora para trazer à tona caso que gerou censura à TV 247
Presença de Bolsonaro na cidade mineira procura reforçar mensagem de que representa o bem na luta contra o mal, o que foi facilitado com censura do documentário
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Por Joaquim de Carvalho
Jair Bolsonaro iniciará oficialmente a campanha à reeleição por Juiz de Fora, cidade onde houve o espisódio da facada ou suposta facada, em 2018.
Segundo a Folha de S. Paulo, a escolha da cidade se deve ao fato de que Bolsonaro tenta transformar o processo eleitoral numa narrativa do bem contra o mal.
Aliados consideram o local simbólico -- prossegue o jornal -- e dizem que o ato foi pensado para representar o "renascimento" do chefe do Executivo.
Em seguida, a Folha toca no ponto central:
Suas fontes manifestaram a convicção de que a ida a Minas Gerais "no primeiro dia de campanha reforçará a lembrança de que Bolsonaro foi vítima de um grave ataque que colocou em risco sua vida, o que consideram que ajudará a esvaziar o discurso de que o mandatário estimula a violência política."
A mensagem que Bolsonaro pretende imprimir à campanha foi facilitada pela censura de que a TV 247 -- e eu pessoalmente -- foi alvo por parte do YouTube, dias antes do início da campanha.
O documentário censurado, "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil", de minha autoria e de Max Alvim, mostra a inconsistência da versão oficial do episódio.
Adélio não era o militante de esquerda apresentado no inquérito da Polícia Federal. Ele tinha sido filiado ao PSOL, mas sua militância recente o ligava ao PSD de Uberaba, controlado por ruralistas.
Como pregador evangélico, Adélio também defendia bandeiras bolsonaristas, como combate ao projeto que criminaliza a homofobia e a defesa da redução da maioridade penal.
O documentário mostrou que a Polícia Federal desprezou a linha do autoatentado, apesar de haver indícios nesse sentido, como a frequência de Adélio ao clube de tiro .38, no mesmo dia em que Carlos Bolsonaro esteve lá.
Bolsonaristas tentaram derrubar o documentário pela via judicial, mas não conseguiram. Nenhum juiz concedeu a medida, o que foi feito com a decisão de uma das maiores empresas privadas do mundo, que controla o YouTube.
Em Juiz de Fora, Bolsonaro fará também uma motociata, em que poderá desfilar como uma espécie de vítima da luta do bem contra o mal.
Agora, em vez do Véio da Havan, ele terá na garupa, metaforicamente, uma big tech. Ou vice-versa.
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