Bolsonaro implode elites econômico-financeiras

"Só não vê quem não quer que, junto com boa parte do PIB, o mercado desembarcou do governo Bolsonaro", escreve a jornalista Helena Chagas

Jair Bolsonaro e Paulo Skaf no detalhe
Jair Bolsonaro e Paulo Skaf no detalhe (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Alan Santos/PR | Reprodução)


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Por Helena Chagas

Nunca antes neste país um manifesto moderado de três parágrafos provocou tanta confusão entre as elites do capital nacional. Patrocinado pelo até ontem insuspeito bolsonarista Paulo Skaf, presidente da Fiesp, o documento foi usado pelo Planalto para confrontar a poderosa Febraban, usando os bancos oficiais que um dia o governo Bolsonaro jurou que seriam autônomos. 

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O resultado da lambança deixou todos os personagens em má situação, e a decisão de adiar a divulgação do manifesto, anunciada hoje pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, é mais ou menos como tirar o sofá da sala.   

Só não vê quem não quer que, junto com boa parte do PIB, o mercado desembarcou do governo Bolsonaro. A assinatura da sempre comportada Febraban no documento - que não ia sequer tocar no nome do presidente e ia jogar na conta dos três poderes a crise institucional - não chega a ser uma surpresa. Expoentes importantes do setor financeiro, como Pedro Moreira Salles, Roberto Setubal e José Olympio Pereira já haviam assinado como pessoa física, há semanas, manifesto muito mais forte com críticas ao governo e às investidas antidemocráticas de Jair Bolsonaro. 

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A novidade agora é que o presidente da Caixa, com apoio do do Banco do Brasil e do Planalto, resolveu rachar a Febraban com a ameaça de sair da entidade, numa ruptura inédita. Aos olhos do mercado, porém, a Federação dos Bancos perde menos do que o governo. Com esse gesto, ficou claro para os últimos recalcitrantes que ainda acreditavam que o liberalismo desse governo é de araque. E que Bolsonaro está e continuará interferindo politicamente na Caixa e no Banco do Brasil, sim.   

Também a Fiesp de Paulo Skaf ficou numa saia justa. Há versões diversas sobre as intenções de Paulo Skaf com o documento, que vão da contrariedade por não ser o candidato de Bolsonaro a governador de SP em 2022 à possibilidade de ter feito o documento em tom meio anódino para restabelecer uma ponte do empresariado com o Planalto. 

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O fato concreto, seja qual for a narrativa, é que Skaf perdeu o controle do movimento e ficou com o mico na mão ao adiar a divulgação da carta. Muita gente que assinou não está gostando nada disso - e é possível que, nas próximas horas, saia um manifesto do B. O bolsonarismo conseguiu implodir até as elites econômico-financeiras do país.

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