Bolsonaro hasteia bandeira branca
O colunista do 247 Alex Solnik observa que por meio de seu porta-voz e vice, o general Mourão, Bolsonaro avisou, da cama do hospital, que mandou a sua turma baixar a bola; "Vamos moderar o tom", "vamos reduzir as tensões", "não vamos exacerbar essa questão", disse Mourão á Globonews; "não é que ele ou Mourão tenham ficado bonzinhos ou virado democratas de uma hora para outra", observa; "em vez de se arriscar a ganhar no primeiro turno metendo os pés pelas mãos, como vinha fazendo, Bolsonaro resolveu dar um freio de arrumação, segurar a onda e, mesmo se arriscando a perder o eleitorado mais radical, levar a decisão para o segundo turno", ressalta
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Por meio de seu porta-voz e vice, o general Mourão, Bolsonaro avisou, da cama do hospital, que mandou a sua turma baixar a bola. "Vamos moderar o tom", "vamos reduzir as tensões", "não vamos exacerbar essa questão" foram frases que ele repetiu na entrevista ao pelotão de fuzilamento da Globo News, que, diante de um general, mesmo da reserva, não estava tão impetuoso quanto contra Haddad. O general disse ter recebido as instruções diretamente do candidato, no viva-voz do telefone do seu filho.
Claro que isso é melhor do que continuar o clima de guerra insuportável em que a campanha se transformara. Mas não é que ele ou Mourão tenham ficado bonzinhos ou virado democratas de uma hora para outra. Muito ao contrário. Ao pelotão de fuzilamento, Mourão reafirmou sua admiração pelo torturador Brilhante Ustra, a quem chamou de herói.
Informado de que 47 pessoas morreram sob tortura no período em que seu herói comandou o DOI-Codi, não deu o braço a torcer. "Heróis matam" respondeu friamente. Nem ele nem Bolsonaro vão deixar de exaltar a tortura e a ditadura só porque resolveram baixar o tom momentaneamente.
Bolsonaro hasteou a bandeira branca por várias razões.
A primeira é que a campanha não poderia continuar do jeito que ele mesmo conduzia. Mandando criança imitar revólver, ameaçando fuzilar, chutando pixuleco. Foi uma espécie de mea culpa. Ele reconheceu ter ido longe demais.
O segundo motivo é que não há mais como explorar o fato politicamente. A Polícia Federal já enquadrou o agressor no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional por "atentado pessoal por inconformismo político". Ou seja, não foi crime político. Nem conspiração. Esvaziou-se a possibilidade de transformar o caso em algo semelhante aos atentados de 1930 contra João Pessoa e de 1954 contra Carlos Lacerda. Não dá mais para culpar o PT.
O terceiro motivo é eleitoreiro. Bolsonaro propõe uma trégua. E ninguém deixará de aceitar. Isso é ótimo para ele. Se não for atacado, não vai perder pontos. E se não perder pontos, já está no segundo turno.
Nos próximos dias, não se sabe quantos, ele vai ficar no estaleiro, sem poder ir a debates ou sabatinas ou fazer campanha. O melhor para ele é que tudo se mantenha do jeito que está.
Quem perde é Alckmin. Impedido de atacar Bolsonaro, não vai sair do lugar. Até anteontem ele dizia que faria de tudo para evitar a vitória do candidato da extrema-direita. Ficou sem discurso.
Marina também perde, porque estava indo bem como a anti-Bolsonaro, o que daqui em diante não pode ser mais. Ciro tende a crescer em cima do seu eleitorado porque não depende de Bolsonaro.
Em vez de se arriscar a ganhar no primeiro turno metendo os pés pelas mãos, como vinha fazendo, Bolsonaro resolveu dar um freio de arrumação, segurar a onda e, mesmo se arriscando a perder o eleitorado mais radical, levar a decisão para o segundo turno e cantar o refrão da conhecida marcha-rancho:
"Bandeira branca, amor
Não posso mais...
Pela saudade que me invade
Eu peço paz"!
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