Bolsonaro grita por socorro, mas fará eco na Paulista?

Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia, comenta a live cheia de mentiras de Jair Bolsonaro e diz que ele "desidrata e grita". "Desta vez, não para uma multidão na Paulista, mas para pedir socorro aos 20% que restam da sua base. Quem irá socorrê-lo nas ruas? Com o frio que está fazendo..."

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)


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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

No Brasil dos últimos tempos, condena-se por convicção e acusa-se por “indícios”. Sim, como já foi exaustivamente mostrado, foi assim, com leves “indícios”, que Bolsonaro expôs por quase duas horas as suas “denúncias” sobre as fraudes - que poderiam comprometer a escolha pelo voto digital, que há 25 anos é praticado no Brasil -, do presidente, em 2022. O mesmo sistema que o elegeu ao longo de toda a sua carreira de deputado, e a seus filhos, em eleições mais recentes.

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A postura de “chover no molhado” sem trazer a público nenhum elemento que ampare as suas acusações já seria grave o suficiente - ainda mais ditas ao lado do ministro da Justiça, e usando um canal público-, para que fosse alvo de alguma queixa-crime. Porém, não satisfeito, Bolsonaro atacou diretamente o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na pessoa do seu presidente, Luiz Roberto Barroso, em frase tão contundente que ele próprio, avisou: seria “forte”.  

“É justo quem tirou o Lula da cadeia, quem o tornou elegível, ser o mesmo que vai contar os votos numa sala secreta do TSE?”, acusou sem cerimônia.

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Todo o seu descomedimento,  a sua virulência e a sua insegurança, tinham uma motivação apenas. Certamente já havia tomado conhecimento da pesquisa Atlas, a ser divulgada hoje – 30/07 - pelo jornal El País, o aumento da vantagem  do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre ele, em comparação à pesquisa anterior. Lula o venceria por 49,2% contra 38,1%, num eventual segundo turno, num cenário com 12,8% de votos nulos ou brancos. E todos nós sabemos, Lula é o seu “terror”. Não foi assim que ele se referiu ao torturador Ustra, com relação à ex-presidente Dilma Rousseff? Pois é. Bolsonaro tem o seu “Fantasma”. 

A postura na live, sua veemência, a sua fala desmedida, que o fez incorrer em vários crimes, hoje já rendeu providências jurídicas, desde a mais direta, como a notícia-crime movida pelo partido Rede, que lhe cobra uma multa de R$ 500 mil, até a indireta, como a iniciativa do ministro do STF, Alexandre de Morais, reativando a história da acusação de sua ingerência na Polícia Federal.

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Sem mais recursos políticos, Bolsonaro usou a live para movimentar a sua base – que míngua a olhos vistos – rumo às ruas. Acuado, apavorado e visivelmente abatido, ele tenta reter o apoio do seu núcleo de fanáticos. 

Impossível, nesse momento, não relembrar o discurso proferido pós vitória no primeiro turno de 2018, quando falou aos seus “amarelinhos” reunidos na Avenida Paulista. (Eu já voltei a este discurso algumas vezes, mas ele é uma peça histórica. Ali ele se mostrou inteiro e “caiu” quem quis).

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“Podem ter certeza. Vocês podem confiar em nós, porque nós confiamos em vocês. O Brasil será respeitado lá fora. O Brasil não será mais motivo de chacota junto ao mundo. Aqui não terá mais lugar para a corrupção”, disse, na ocasião. Está aí a CPI da Covid-19, para na retomada dos trabalhos, fechar o cerco do que falta vir a público no escândalo na compra das vacinas.

Então tá. Fica combinado assim. Deu tudo errado. Sem partido, entregue ao Centrão, que “enxota” do Planalto os seus companheiros de caserna – dos auxiliares do general Ramos, nove vão estar fora, como já anunciou Ciro Nogueira (PP) – Bolsonaro desidrata e grita. Desta vez, não para uma multidão na Paulista, mas para pedir socorro aos 20% que restam da sua base. Quem irá socorrê-lo nas ruas? Com o frio que está fazendo...

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