Bolsonaro é uma parte do problema

É possível retomar o período em que o país seguia o caminho do desenvolvimento com um mínimo de acesso dos pobres à dignidade



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Bolsonaro é responsável por 3 de cada 4 mortes por COVID-19. Se fosse por pedaladas fiscais, já teria sido impedido. Nem de longe poderia ser uma piada e não é. Infelizmente, essa é a realidade do Brasil. O único país do mundo onde o presidente agride e humilha a população com a permissão das instituições públicas e privadas. Aos berros, ele ordena: “chega de frescura, de mimimi”. Quase 265 mil famílias dilaceradas, 10 mil mortes, em sete dias, e duas mil por dia desnudam a desavergonhada e proposital inação de Bolsonaro. Em junho, segundo o cientista Miguel Nicolelis, serão 500 mil mortos. É estarrecedor lembrar que uma parte da população ainda o apoia. Contudo, ele é apenas mais um representante da ideologia de uma classe dominante escravagista e subserviente aos interesses internacionais.

Essa preguiçosa e improdutiva parte da população colocou no poder um capataz à frente da retomada do seu projeto de transformação do Brasil num “Império Colonial”. A receita não é nova. O mais recente exemplo desse servilismo foi o governo de Fernando Henrique Cardoso, o presidente da dependência da nação a outros países. Do ponto de vista ideológico e de caráter, Bolsonaro e FHC são os mais fieis reflexos dos escravocratas deslumbrados com o estrangeiro. Em 2002, o chanceler do presidente sociólogo tirou os sapatos no aeroporto de Miami, em sinal de submissão do Brasil ao Tio Sam. Já Ernesto Araújo, atual chefe do Itamaraty, conclamou o Brasil a se orgulhar de ser um pária. Independe de personagem, é um projeto, tem método.

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Assim como Guedes, os ministros de FHC tentaram transformar a Petrobras em Petrobrax e retiraram do Brasil ferramentas estratégicas, como a Vale do Rio Doce, que foi entregue por R$ 3 bilhões, quando valia mais de R$ 90 bilhões. Bolsonaro faz o mesmo com a petroleira, vendendo suas refinarias, gasodutos e outros ativos. E vai privatizar as empresas, Eletrobras, Banco do Brasil, entre tantas outras, lucrativas, modernas, competitivas e fundamentais para tirar o país das crises sanitária e econômica. Infelizmente, essa é a nação almejada por uma pequena parte da população, que não tem relação alguma com o Brasil. Herdeiros da casa-grande, que têm o país como um celeiro continental para encher os bolsos, submetendo o país ao desenvolvimento de outros povos.

FHC é tão vassalo quanto Bolsonaro, mas ele fala francês, é professor universitário. Um intelectual. Já o atual presidente é um capitão de formação média, que tem em seu currículo o planejamento de um atentado à bomba, que felizmente não aconteceu. Enquanto o primeiro é elegante e civilizado, o segundo é destemperado e uma usina de produção diária de crises. Embora comunguem do espírito ultraliberal subserviente, a estética macabra de Bolsonaro chama ainda mais a atenção da opinião pública estrangeira para o caráter escravocrata e de submissão cultural da classe dominante brasileira. Apesar de implantar a mesma política de FHC, Bolsonaro causa pavor e repugnância à comunidade internacional. Ele tornou o Brasil, finalmente, num pária,

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Contudo, para quem detém os poderes político e econômico, a histórica banalização do mal não importa. A preocupação está no fato de que o verdadeiro e perverso espírito desses poderes está exposto aos olhos do mundo, sem filtros da social-democracia. O comportamento de Bolsonaro faz parecer que os saques aos supermercados e as 300 mortes diárias, por fome, ao final dos governos FHC, não foram igualmente um genocídio praticado pela mesma ideologia que dizimou Canudos, persegue o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e que nega um auxílio emergencial de R$ 600 para cerca de 70 milhões de brasileiros que passam fome, em meio à descontrolada disseminação da COVID-19.

Bolsonaro é mantido no poder pelas mesmas forças que golpearam a democracia, em 2016. Vazamentos de gravações da operação da Polícia Federal, spoofing, revelam um conluio entre instituições oficiais brasileiras e órgãos de governo dos EUA para perseguir um partido, um político e entregar a soberania do Brasil. Não é apenas Bolsonaro ou FHC, mas a reprodução secular da manutenção de privilégios de uma minoria, em detrimento da maioria da população. Portando, é importante expor quem legitima a representação de um governo genocida.

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Para além de Bolsonaro, o Brasil tem uma dívida cultural consigo cuja postergação do acerto de contas apenas aprofunda e aviva as chagas de uma escandalosa e covarde concentração de renda. Este país já teve um governo que se preocupava com os brasileiros. É uma questão de opção política de quem está à frente do país. Em 2010, o presidente Lula aproveitou a grande estrutura, as competências e a universalidade do SUS para vacinar 80 milhões de pessoas contra a H1N1. O Brasil já teve índice de desocupação de 4,5% e um programa de valorização do salário mínimo 77% acima da inflação. O Partido dos trabalhadores fez o Brasil chegar a ser a 6ª economia mundia. De 2016 a 2021, o país passou para a 12ª colocação.

É possível retomar o período em que o país seguia o caminho do desenvolvimento com um mínimo de acesso dos pobres à dignidade. Foi quando houve um governo que optou pelo desenvolvimento do país. Por isso, os pobres passaram a fazer três refeições por dia, o país saiu do mapa da fome e foi respeitado pelo mundo. Tirar Bolsonaro, urgentemente, é apenas uma parte da grande tarefa de devolver este país aos brasileiros. Para isso, é necessário superar a ideologia sabuja da classe dominante, que se projeta no estrangeiro e odeia os brasileiros. Avante, esta nação é muito maior e mais importante que esse Brazil que não conhece o Brasil.

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