Bolsonaro e seu apelo por credibilidade
"Bolsonaro precisava tirar uma foto com o líder russo para alimentar a falsa ideia de que é respeitado pelos principais governantes do mundo"
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No início da semana, Bolsonaro desembarcou em Moscou usando máscara e se submetendo a cinco exames de Covid para poder se aproximar do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Onde estava o negacionismo, a imunização de manada, a postura antivacina, e todas as outras atitudes arrogantes, irresponsáveis e homicidas que levaram 641 mil brasileiros à morte? Ficaram no Brasil.
Afinal, Bolsonaro precisava tirar uma foto com o líder russo para alimentar a falsa ideia de que é respeitado pelos principais governantes do mundo e municiar seus apoiadores encarregados de espalhar fake News.
Tanto é verdade que, após a visita ao Kremlin, começaram a circular publicações atribuindo ao presidente do Brasil a responsabilidade pelo recuo das tropas russas da fronteira com a Ucrânia, afirmando sua visita teria evitado a terceira guerra mundial.
A maior repercussão foi de um vídeo no qual, supostamente, Putin fazia um agradecimento ao líder brasileiro. A peça em russo circulou nas redes sociais com a seguinte legenda em português: “Bom dia cidadãos do mundo. Hoje estava prestes a atacar a Ucrânia quando conversei com o presidente Jair ainda em voo. Ele veio de um lugar tão longe. Ele disse: Ô Vladi, o mundo é nossa casa, Deus está acima de todos. Isso tocou minha alma. Portando agora decidi retirar minhas tropas da fronteira e parar essa guerra. Agradeço de coração, presidente brasileiro”. Na verdade, a filmagem foi publicada em 7 de março de 2018, e se tratava de uma homenagem ao Dia Internacional das Mulheres.
Além do vídeo, outros dois materiais foram divulgados: uma montagem com uma manchete da CNN informando que “Bolsonaro evitou a Terceira Guerra Mundial” e outra com a capa da revista Times atribuindo ao presidente brasileiro o prêmio Nobel da Paz pelo grande feito.
Ideias como essa nos faz pensar no quanto Bolsonaro e seus aliados estão desesperados e o nível que a campanha presidencial irá chegar. O ex-capitão finge e mente de forma inescrupulosa e, em incontáveis momentos, comprova não possuir princípios, nem ideologia, ou qualquer traço de hombridade. Pelo contrário, sempre se mostra oportunista e dissimulado. Foi assim em 2018, quando a presidência ainda lhe era utopia, e será pior em 2022.
Mas para combater a mentira, precisamos nos munir com a verdade. Colocar a luz vigorosamente sobre o alqueire e partir para o embate. Essas eleições se definirão no campo do conhecimento, por isso não podemos recuar. Será uma disputa entre a barbárie e a civilidade, a ignorância e o conhecimento, as trevas e a luz.
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