Bolsonaro e Congresso protegem super-ricos e cortam metade do auxílio a pobres

"A oligarquia dominante eventualmente até manifesta algum incômodo em relação ao bolsonarismo. Mas, na essência, é uma classe totalmente bolsonarizada e unida em torno da barbárie e do projeto ecocida, etnocida e genocida conduzido pela aberração chamada Bolsonaro", escreve Jeferson Miola

Secom faz propaganda com frase de Bolsonaro contra obrigatoriedade da vacina
Secom faz propaganda com frase de Bolsonaro contra obrigatoriedade da vacina (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)


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No mundo inteiro governos nacionais criam mecanismos e políticas públicas para proteger as empresas – principalmente as micro e pequenas –, os empregos e os salários dos trabalhadores ante os efeitos da pandemia.

Nem mesmo os neoliberais desconhecem hoje a necessidade de intervenção do Estado e dos Bancos Centrais com medidas anticíclicas para contra-arrestar os efeitos tenebrosos da pandemia nas economias, nas sociedades e nas vidas das pessoas.

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Um enorme consenso mundial colocou em xeque vários dogmas neoliberais. Teses que eram exorcizadas pelos neoliberais antes da pandemia – como a possibilidade de emissão de moeda, a convivência com déficit fiscal tolerável, o aumento da dívida em relação ao PIB, a tributação maior dos mais ricos e a intervenção estatal na economia – hoje são adotadas por governos de distintos matizes ideológicos mundo afora.

Para a oligarquia saqueadora do Brasil, contudo, a pandemia representou uma oportunidade para reestruturar e aprofundar a dinâmica de exploração e acumulação financeira em prejuízo da esmagadora maioria do povo brasileiro.

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Através da Medida Provisória 936 [Lei 14.020/2020], a oligarquia aprovou o perverso processo de reestruturação capitalista para recompor a taxa de lucros e de acumulação de capital. Uma reestruturação produtiva do capital baseada na destruição da CLT, na redução dos salários médios dos trabalhadores e na eliminação permanente de postos de trabalho.

Além disso, por meio da Emenda Constitucional 106 [do “orçamento de guerra”] o Congresso neoliberal-bolsonarista autorizou o Banco Central a torrar mais de R$ 1,2 trilhão para salvar banqueiros e especuladores adquirindo seus títulos podres.

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O Brasil tem 25.177 super-ricos que têm uma renda mensal superior a R$ 320 mil. A Oxfam calcula que estes super-ricos ficaram R$ 177 bilhões de reais mais ricos entre 12 de março e 18 de julho – ou seja, super-enriqueceram ainda mais em plena pandemia! Em 2019, os acionistas e donos dos 4 maiores bancos do país lucraram, sozinhos, R$ 81,5 bilhões, e praticamente não pagaram impostos.

Este lucro pornográfico, amealhado pela parcela que representa 0,0118759% da população brasileira total [pouco mais de uma centésima parte de 1%], é superior ao orçamento anual do SUS, o sistema universal de saúde que atende 212 milhões de brasileiros/as.

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Mais escandaloso que isso, todavia, é que os lucros e ganhos desta ínfima minoria parasitária praticamente não são tributados – uma generosidade do FHC aos rentistas logo no início do seu 1º mandato. Além de praticamente não pagarem impostos, estes parasitas não geram mais que um punhado de empregos.

O estudo “Tributar os super-ricos para reconstruir o país” elaborado por entidades de auditores fiscais [FENAFISCO e ANFIP] e organizações parceiras propõe um conjunto de medidas de justiça tributária que oneram não mais que os 0,3% mais ricos da população, e propiciam um aumento de cerca de R$ 292 bilhões em arrecadação.

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Com a arrecadação obtida por meio da tributação justa de cerca de 60 mil privilegiados, portanto, se poderia pagar auxílio emergencial de 600 reais a 40 milhões de pessoas por ano.

Ao mesmo tempo em que protege a plutocracia parasitária mantendo-a livre de impostos e reduz pela metade o valor do auxílio emergencial a pobres desesperados, Bolsonaro e o Congresso neoliberal-bolsonarista reduziram o valor que o salário mínimo deveria valer em janeiro de 2021.

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A oligarquia dominante eventualmente até manifesta algum incômodo em relação ao bolsonarismo. Mas, na essência, é uma classe totalmente bolsonarizada e unida em torno da barbárie e do projeto ecocida, etnocida e genocida conduzido pela aberração chamada Bolsonaro.

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