Bolsonaro e Centrão: uma antiga história de amor
Bolsonaro, Centrão, ignorância e truculência são filhos das escolhas oportunistas e desastrosas que alguns dos mais ricos e poderosos do Brasil fizeram em 2018
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Nas eleições de 2018, embalados pela grande mídia do Brasil, elegeram um presidente da República, que prometia combater a “velha política”. Eu tive que me conter para não gargalhar. Como poderia um cidadão que foi deputado por 28 anos, trocou de partido como quem troca de camisa e foi um deputado medíocre, denunciar a “velha política” se ele era e é um dos piores componentes da velha (e podre) política. Passou pelos partidos mais fisiológicos do Brasil. Usou e abusou das prerrogativas de mandato para beneficiar familiares e milicianos e eleger seus filhos na onda de suas demagogias e “rachadinhas”.
Muita gente iludida pela grande mídia, que anunciava o combate à corrupção, acreditou no mesmo discurso que criou o Collor, como caçador de marajás, quando de fato ele era um criador de marajás em Alagoas. Agora, muita gente está assustada por ele estar negociando com o chamado “Centrão”. Na verdade, ele está voltando para o ninho de onde nunca saiu. Portanto, nada há de estranho nisso, nada de extraordinário. A mesma mídia que embalou a perseguição ao PT e Lula, favorecendo a eleição dessa triste figura, se finge escandalizada com o balcão de negócios que ele faz com o “Centrão”, para comprar a blindagem para resistir ao impeachment, cada vez mais provável. E para aprovar mais medidas amargas para os trabalhadores. Para tanto, ele está entregando cargos. E o primeiro que entrou no balcão foi o DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, que viabiliza poços e barragens no semiárido nordestino e que é tão importante para quem vive lutando por água potável e para a agricultura de subsistência.
Na verdade, não há nada de novo nisso. Ele apenas está despindo-se da fantasia com a qual surfou na onda falsa de combate à corrupção e à velha política. Quem acreditou que ele iria combater a corrupção, não quis ver que em 28 anos de Câmara Federal, nunca combateu e fez parte de partidos com dezenas de corruptos. Ele mesmo está apavorado com as investigações de suas rachadinhas, nas quais seus filhos estão igualmente encrencados. O patrimônio da família, que saltou inexplicavelmente, é outro indício de desonestidade, que ele luta para abafar, como demonstra seu desentendimento com Moro, o ex-juiz que foi decisivo para sua eleição, ao vazar delações sem provas contra Lula às vésperas do pleito.
Quem, na mídia ou fora dela, finge indignação agora está sendo tão falso quanto o discurso demagógico do candidato que virou presidente, e que mantém a postura grosseira e mentirosa que teve por toda a vida política. É nosso dever, por óbvio, defender a liberdade de imprensa e repudiar os ataques aos jornalistas. Mas devemos lembrar sempre que a grande mídia é sócia desse descalabro, quando não denunciou a tempo que o infame político presidente não tem compromisso algum com a honestidade, nem com as cláusulas pétreas de nossa Constituição.
Para combater o PT e a esquerda brasileira, que somente desejam reduzi a desigualdade e defender os direitos civis e o patrimônio nacional, grande mídia e o grande empresariado, por ação ou omissão, jogaram o Brasil nessa aventura golpista e genocida.
Por isso, hoje, sinto-me triste por ver a luta dos profissionais da saúde contra essa pandemia, enquanto o presidente da República, prioriza a insanidade conflituosa e as crises diárias, promovendo ele mesmo aglomerações que confundem a consciência do povo sobre essa doença.
Não finjam surpresa. Bolsonaro, Centrão, ignorância e truculência são filhos das escolhas oportunistas e desastrosas que alguns dos mais ricos e poderosos do Brasil fizeram em 2018.
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