Bolsonaro deveria aprender com Trump
"Os povos civilizados repudiam ditadores, podem até votar pela primeira vez num cara com essa índole, mas ao perceberem que ele quer dominá-los e não governá-los em seu nome, invariavelmente os mandam para casa, por meio do voto seguinte", escreve o jornalista Alex Solnik
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Foi aquilo que se costuma chamar “bola de neve”.
Às 11 da manhã a CNN anunciou que Biden era o 46o. presidente dos Estados Unidos.
Poucos minutos depois outras emissoras e jornais confirmaram a notícia. Alguns com números um pouco diferentes, até mais favoráveis a Biden, mas todos de acordo numa coisa: Trump não tinha mais chance, pois o democrata obtivera mais de 270 votos no colégio eleitoral.
Não havia dúvida quanto a isso. Até mesmo a insuspeita Fox, que nunca escondeu sua preferência por Trump, fez coro à maioria. Tal como o New York Times, a BBC, a NBC, a AP, a Reuters.
Não demorou meia hora até multidões começarem a lotar as ruas de Washington e outras grandes cidades onde a festa tinha de bandeiras a danças improvisadas, buzinaço. Não dá para chamar de carnaval, mas a alegria pela vitória de Biden era indiscutível.
Nos minutos seguintes começaram a pipocar mensagens de chefes de estado. Trudeau, Macron, Merkel, Boris Johnson, Alberto Fernandez. O mundo reconheceu rapidamente o novo presidente.
A notícia alcançou Trump enquanto jogava golfe em um de seus 17 campos. Voltou, às pressas, à trincheira na Casa Branca, de onde disparou vários petardos ao léu, alegando que o vencedor era ele. Mas era tarde demais.
Ninguém deu bola porque todos já sabem que ele é um leão sem dentes e só o que lhe resta é desfrutar da melhor forma possível os últimos dias a que tem direito na Casa Branca.
Um leão sem dentes pode até rugir, mas não morde.
Eis aí uma lição que Bolsonaro deveria aprender com Trump: os povos civilizados repudiam ditadores, podem até votar pela primeira vez num cara com essa índole, mas ao perceberem que ele quer dominá-los e não governá-los em seu nome, invariavelmente os mandam para casa, por meio do voto seguinte.
O que ocorreu com Trump em 2020 pode se repetir com Bolsonaro em 2022.
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