Bolsonaro deturpa a história da ditadura

Jornalista Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, diz que Jair Bolsonaro criou a sua própria versão do que ocorreu aqui entre 1964 e 1985, "totalmente falsa e distorcida", durante evento em Itaipu; "Segundo ele, a ditadura militar, que chamou de "nosso governo" não nasceu de um golpe de estado que arrancou à força o presidente João Goulart do Palácio do Planalto e sim de uma suposta eleição realizada a 11 de abril de 1964 na qual foi eleito o presidente Castello Branco. Bolsonaro jura a cada minuto ser fervoroso anticomunista e estar empenhado em proteger o Brasil do comunismo, mas não para de copiar Stalin, no que tinha de pior", diz Solnik

Bolsonaro deturpa a história da ditadura
Bolsonaro deturpa a história da ditadura (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Ditadores (ou aprendizes de) não se contentam em usurpar o poder pelo maior tempo possível; o que eles querem mesmo é reescrever a história.

Bolsonaro deu, hoje, um largo passo nesse sentido. Na cerimônia de posse do novo presidente da Itaipu Binacional, mais um general, para variar, o presidente de extrema-direita eleito pelo voto louvou a ditadura militar pelo projeto.

Criou, no entanto, a sua própria versão do que ocorreu aqui entre 1964 e 85, totalmente falsa e distorcida.

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Segundo ele, a ditadura militar, que chamou de "nosso governo" não nasceu de um golpe de estado que arrancou à força o presidente João Goulart do Palácio do Planalto e sim de uma suposta eleição realizada a 11 de abril de 1964 na qual foi eleito o presidente Castello Branco.

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Nenhum livro traz essa informação. Não houve eleição nessa data. Bolsonaro seria reprovado no Enem se optasse por essa alternativa no exame. Nesse dia, os parlamentares aceitaram a imposição de Castello Branco como novo presidente para salvarem a sua pele, era uma imposição do Alto Comando das Forças Armadas e não da vontade popular. Estavam sob a mira de canhões.

Seguiram-se 20 anos sem eleições, pontuadas por cassações, censura às artes e à imprensa, prisões políticas, torturas, assassinatos, corrupção e inflação que só tiveram fim quando o general João Figueiredo – chamado por Bolsonaro de "querido" e "saudoso" - deixou o poder melancolicamente sem fazer sucessor alijado pela campanha das Diretas Já.

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A cereja do bolo foi a parte em que Bolsonaro chamou o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner de "grande estadista" e "homem de visão". Cruel assassino, o ex-ditador foi hóspede da ditadura brasileira depois da queda.

Bolsonaro jura a cada minuto ser fervoroso anticomunista e estar empenhado em proteger o Brasil do comunismo, mas não para de copiar Stalin, no que tinha de pior.

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