Bolsonaro dá sinais de que terá o seu dia do fico
A colunista Denise Assis, do Jornalistas Pela Democracia, afirma que Bolsonaro pode acabar ficando no PSL. Ela diz: "dá até para apostar que não foi só Eduardo a ter o seu dia do 'fico'. Jair, ao chegar, deve encontrar a casa já livre dos cacos que espalhou e certamente dirá a Bivar que ele também fica"
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Por Denise Assis, para o Jornalistas Pela Democracia - A acachapante vitória de Bolsonaro na aprovação da reforma da Previdência (60 a 19) abre perspectivas para a sua longevidade como uma espécie de “leão de chácara” da direita no país. Ele é aquele que, na porta da boate, troca safanões, expulsa os “indesejáveis” e garante a entrada apenas dos “bacanas”, que lá dentro se divertem tranquilamente em ambiente requintado.
Bolsonaro afiança o bom andamento das sonhadas reformas, pratica a política do “entrega tudo” – e lá se foi a Base de Alcântara –, enquanto faz barulho e troca sopapos para distrair a plateia.
Por exemplo, numa fortuita viagem ao Japão, deixou a legenda que lhe deu abrigo, em chamas, e viajou prometendo mais uma vez trocar de partido. Mas não se iludam. A “briga”, que parecia ir longe, já dá sinais de ante clima. Foi útil, porque permitiu a ele e ao filho Eduardo, uma saída honrosa para o fiasco da reprovação, no senado, ao cargo de embaixador nos EUA. Ambos viram as chances minguarem a cada dia. Ao mesmo tempo, desviou a atenção do respeitável público para o tamanho da perda que a reforma recém aprovada representa para a classe trabalhadora.
Quanto à briga, já dá sinais de ante clima. Lá do Japão, Bolsonaro fez questão de elogiar o Delegado Waldir, afagando a sua cabeça, ao dizer que o deputado foi um dos grandes responsáveis por articular a aprovação da reforma da Previdência. (O Delegado Waldir foi destituído da liderança do PSL, ao perder o posto para o filho do presidente). Eduardo, por sua vez, já posou de líder do PSL na Câmara, sem enfrentar grandes entraves com a bancada. Waldir, apesar das tentativas, não obteve de volta a liderança.
Eduardo conseguiu, ainda, no TJ do Distrito Federal, a sua não punição e dos 18 colegas ameaçados. Outro sinal de pacificação foi emitido pelo presidente do partido, Luciano Bivar. Ele descartou a possibilidade de o PSL destituir Flávio Bolsonaro do diretório do Rio. O próprio Eduardo acenou com o fim das querelas, para deixar “fechar a ferida”. A mesma expressão usada pelo pai, no dia anterior, ao falar com a imprensa, no Japão.
Não há indícios de que existam interessados em assoprar esta brasa. O período de 12 dias de ausência parece perfeito para que volte tudo ao seu lugar. Ainda que a ex-líder do governo, Joyce Hasselmann, ainda machucada, continue atacando, mas já em outro tom. Dois abaixo das acusações feitas aos “filhinhos” de Bolsonaro, no programa Roda Viva.
Os sinais para um pacto de não agressão e até mesmo uma paz nem que seja aparente, são fortes. A Bolsonaro interessa continuar contando com uma base conturbada, mas sempre pronta a dizer sim, pois tem ainda pelo caminho, duas reformas de peso para entregar aos frequentadores da boate de luxo. Sem falar no montante do fundo partidário. Afinal, R$ 8,3 milhões por mês, não são desprezíveis, quando a ideia fixa é a reeleição. É de se suspeitar que Bolsonaro, mais uma vez, fez jogo de cena, embaralhando o jogo enquanto salvava a reputação do filho e apostava na aprovação, sem muito remendo, da reforma da Previdência. Dá até para apostar que não foi só Eduardo a ter o seu dia do “fico”. Jair, ao chegar, deve encontrar a casa já livre dos cacos que espalhou e certamente dirá a Bivar que ele também fica.
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