Bolsonaro carimba petistas de comunistas para anular marca histórica social democrata do Partido dos Trabalhadores
"A social democracia petista foi resultado de desenvolvimento histórico e social, comandado do ponto de vista do trabalhador social democrata, expresso, nitidamente, na Constituição de 1988. Não tem nada de comunista, como querem fazer crer Bolsonaro e sua equipe econômica ultraneoliberal", diz o colunista
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PT comunista?
A direita, com Bolsonaro no poder, ao lado dos militares, quer, agora, taxar o PT de comunista.
Deseja tomar do Partido dos Trabalhadores aquilo que, realmente, conquistou na prática política histórica brasileira: a social democracia.
Precisaram os trabalhadores chegar ao poder, com Lula, para a social democracia, no Brasil, sair do papel.
O PSDB sempre foi, apenas, social democracia de fachada.
Não colocou, como Lula, o social como prioridade.
Os salários, na era tucana, não tiveram políticas definidas; sujeitaram-se à excessiva liberdade do mercado.
Predominava, no tempo dos tucanos, a verdade de que salário é custo e não renda no ambiente econômico.
Se a inflação é fruto do aumento de custo, aumentar custo(salário), aumenta inflação.
Para o empresário, na lógica capitalista, individualista, o negócio é reduzir custo, para ter mais lucro.
Assim, se combatida a inflação, preferencialmente, na Era FHC.
Lula, ponto de vista do trabalhador, inverteu, historicamente, essa equação.
No poder, com seu pensamento de classe operária, tratou salário como renda.
Chancelou comprovação marxista de que a sociedade é dividida em classes antagônicas; portanto, a luta de classe é o móvel natural do sistema capitalista etc.
Com a renda-salário, raciocina Lula, compram-se coisas, geram-se empregos.
A despensa do trabalhador fica abastecida, a família operária, feliz.
O governo arrecada mais e investe mais.
Multiplicação dos investimentos sociais
Do ponto de vista do trabalhador, de Lula, do PT, os programas sociais não são custos, são investimentos que se multiplicam, gerando emprego, renda, consumo, produção, circulação, distribuição, arrecadação e novos investimentos etc.
Silogismo capitalista clássico.
Do ponto de vista do salário como renda, Lula é o verdadeiro social democrata.
Para ele, a regra é clara, como diz o árbitro Arnaldo César Coelho: reajuste de acordo com crescimento do PIB mais a média da inflação dos dois anos anteriores.
Essa regra claríssima fez a cabeça do povo: transformou-o em consumidor, que determina o ritmo da economia capitalista brasileira, como aconteceu com Lula do poder.
Mais consumo vence a insuficiência orgânica da qual padece o capitalismo, desde seu nascimento, levando o sistema ao subconsumismo deflacionário, como destacou Marx, para permitir efetividade da social democracia, que se pauta pelo nacionalismo e pela opção ao social como motor da economia.
Agentes desenvolvimentistas
Os direitos e conquistas dos trabalhadores, segundo a social democracia, são agentes do desenvolvimento capitalista; ao contrário, na periferia do capitalismo subdesenvolvido, vira lata, sem vergonha, brasileiro, representam custos de produção, que precisam ser cortados, principalmente, para pagar juros da dívida etc.
Lula priorizou o social e se orgulha de dizer que com ele o povo enfiou seu pé no orçamento da União; a opção pelo social aumentou a renda disponível para o consumo; nasceria um mercado interno de 40 milhões de novos consumidores; festa capitalista embalada pela social democracia lulista.
Lula virou, consequentemente, máquina de produzir votos.
Jamais a social democracia de fachada tucana conseguiu vencer eleição, depois de FHC, que se rendeu ao Consenso de Washington e ao Fundo Monetário internacional; acabou sentado no colo de Clinton, como Bolsonaro, através do seu filho, já está sentando no de Trump, com chapeuzinho de campanha e tudo.
Social Democracia x Comunismo
A social democracia petista foi resultado de desenvolvimento histórico e social, comandado do ponto de vista do trabalhador social democrata, expresso, nitidamente, na Constituição de 1988.
Não tem nada de comunista, como querem fazer crer Bolsonaro e sua equipe econômica ultraneoliberal.
De 2003 a 2014, período histórico petista, não se pregou, no PT, supressão da propriedade privada, marca registrada do regime comunista.
Demonizam os petistas de comunistas para avançar com o programa neoliberal de Paulo Guedes, na tarefa de destruir o conceito de que salário é renda e não custo.
Guedes e a turma de Chicago querem impor o conceito, já ultrapassado, historicamente, de que salário é, meramente, custo.
A lógica pauloguedeseana é linear, mecanicista: aumento de custo aumenta inflação; então, é preciso cortar salário para diminuir custo e, consequentemente, inflação.
Ele nega o pensamento neoliberal que o contrário também pode ocorrer: salário-renda combate a inflação ao elevar oferta em relação à demanda, diminuindo preços, no contexto do livre mercado.
Guedes quer praticar livre mercado apenas para vender patrimônio público, sob argumento de que patrimônio público promove corrupção, que provocaria inflação; papo puramente ideológico.
Agora, para aumentar a renda da população com objetivo de diminuir preços, com mais produção relativamente ao consumo, ele foge da raia; a lei não funcionaria.
Ressurreição de Ricardo
Guedes dá passo atrás, conservador, reacionário, na história.
O guru de Chicago ressuscita aquilo que a história ultrapassou: a lei dos rendimentos decrescentes de Ricardo.
Arrocho salarial, conforme o conceito ricardiano, elaborado no século 19, justificava-se quando a renda da terra comandava o sistema de acumulação capitalista, antes do domínio da indústria e das finanças.
As variações da renda da terra determinavam redução dos salários para compensar o aumento de custo decorrente da exploração das novas terras, mais distantes.
Ora, no capitalismo financeiro industrial, altamente, especulativo, os rendimentos são crescentes; não justifica que os salários continuem sendo reajustados conforme a dinâmica da lei da terra, se a acumulação capitalista é dada por outra dinâmica de acumulação.
Surreal.
Paulo Guedes, para arrochar salários, ressuscita Ricardo como farsa; sua turma, no Ministério da Fazenda, já está pregando a mudança da regra salarial; o salário tem que ser ditado pelo mercado, como no tempo de Ricardo, sob a lei dos rendimentos decrescentes.
Geralmente, o economista do presente, como Guedes, ironizaria Marx, está sempre preso a uma ideia do passado, que já fracassou.
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