Bolsonaro aprendeu com Ustra

"Quando o presidente da República disse, entre sádico e irônico, para todo o Brasil e o mundo, que a repórter Patrícia Campos Mello “queria dar um furo” me lembrei imediatamente de um episódio que vivi, em setembro de 1973, no DOI-Codi, o centro de torturas e assassinatos comandado pelo coronel do Exército Brilhante Ustra", relembra o jornalista Alex Solnik



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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Quando o presidente da República disse, entre sádico e irônico, para todo o Brasil e o mundo, que a repórter Patrícia Campos Mello “queria dar um furo” me lembrei imediatamente de um episódio que vivi, em setembro de 1973, no DOI-Codi, o centro de torturas e assassinatos comandado pelo coronel do Exército Brilhante Ustra, ídolo do presidente, em São Paulo.

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  Da minha cela, a X-5, observei chegar um cara de uns 40 anos, alto, forte, fazendo muito barulho, alucinado e se dirigir à cela vizinha à minha, só de mulheres.

  Seu codinome era Romualdo. Ele tinha a mania de torturar usando toga. E estava de toga ali, à minha frente.

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  Excitado como quem tinha acabado de cheirar, entre irônico e sádico, gritou, entre risos:

  “Fulana, hoje eu vou fritar os ovos do teu marido. E você vai assistir”.

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A frase do Romualdo poderia ter saído da boca do Bolsonaro, e vice-versa.

  A diferença é que Romualdo disse aquilo para um público restrito e era "apenas"um torturador.

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