Bolsonaro ameaça violar a constituição na véspera da posse

Colunista Alex Solnik afirma que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ao pretender extirpar o que chama de "lixo marxista" nas instituições de ensino, o futuro ocupante do Planalto "viola o artigo 5º. da constituição que garante a liberdade de expressão e impede a censura"; "Um dia antes de assumir faz uma ameaça direta à constituição", diz o jornalista; "Queimar livros de Marx e de seus seguidores – que são de Economia e Filosofia, não de doutrinação - não vai resolver problema nenhum, mas vai criar muitos"

Bolsonaro ameaça violar a constituição na véspera da posse
Bolsonaro ameaça violar a constituição na véspera da posse (Foto: Valter Campanato - ABR)


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Por Alex Solnik, colunista do 247 e integrante do Jornalistas pela Democracia

No tuíte em que atribui o mau desempenho dos alunos brasileiros nas provas internacionais a uma suposta doutrinação por parte de professores que estariam disseminando o "lixo marxista" que pretende extirpar das escolas, não disse de que nível, o futuro presidente interfere na autonomia universitária – suponho que livros de marxistas estejam nos currículos universitários e não ginasianos – e viola o artigo 5º. da constituição que garante a liberdade de expressão e impede a censura.

Um dia antes de assumir faz uma ameaça direta à constituição.

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A mesma constituição que amanhã vai jurar cumprir.

Para varrer o que ele considera lixo – na contramão da humanidade, que consagrou Karl Marx como um dos principais pensadores da História - ele terá que revogar esse artigo que, por sinal, é cláusula pétrea, e, em outras palavras, irrevogável.

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Não tem a mínima base na realidade a afirmação de que alunos brasileiros não tiram boas notas nas provas internacionais, ficando sempre nos postos mais baixos devido a algum tipo de doutrinação. Ele deve estar confundindo o Brasil com a Coréia do Norte.

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O problema é que os alunos brasileiros são fracos em matemática, sempre foram, desde o tempo em que eu era aluno.

O que resolve são melhores professores, ambiente de liberdade em classe, não de repressão, que é o que sugere.

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O tuíte do Bolsonaro me lembrou imediatamente o "Fahrenheit 451", livro e filme que contam as contradições de um bombeiro encarregado de queimar livros, quaisquer livros, por ordens da autoridade no poder.

Queimar livros de Marx e de seus seguidores – que são de Economia e Filosofia, não de doutrinação - não vai resolver problema nenhum, mas vai criar muitos.

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E, tal como em "Fahrenheit 451", as pessoas vão decorar os textos desse "lixo marxista" e repassá-los boca a boca, antes de os livros serem queimados.

Já que ele odeia livros, deveria assistir ao filme.

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