Bolsonaro ama Trump, mas quer ser aiatolá
"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, presta continência à bandeira americana, já declarou amar Trump, mas despreza a constituição brasileira, quer ministros 'terrivelmente evangélicos', ameaça acabar com a democracia, humilha gays, apoia a tortura e a censura à imprensa e às artes como políticas de estado, governa por decretos", escreve o jornalista Alex Solnik
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump é supremacista, autoritário, intolerante, preconceituoso, desumano e cruel, mas por mais que tente demonizar a imprensa, sempre a acusando de fake news, não consegue sufocá-la, muito menos se empenha em controlar o Judiciário e o Legislativo, que são independentes, pautados e fiscalizados pela constituição, nem em misturar política com religião.
Trump também nunca demonstrou querer trocar a democracia pela ditadura por meio de um golpe de estado. Foi eleito pelos americanos e tem período determinado no poder, no máximo oito anos.
O aiatolá Khamenei está no poder no Irã desde a morte de seu antecessor, o aiatolá Khomeini e só o deixará quando morrer.
Até lá, tem a palavra final sobre todos os assuntos do país, controla os meios de comunicação, o Judiciário, o Legislativo, pode depor o presidente do país quando quiser e governa com base nas leis do Alcorão, o que caracteriza uma teocracia, impondo severa política de costumes que prevê penas como amputação de partes do corpo para adúlteros, homossexuais e consumidores de álcool.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, presta continência à bandeira americana, já declarou amar Trump, mas despreza a constituição brasileira, quer ministros “terrivelmente evangélicos”, ameaça acabar com a democracia, humilha gays, apoia a tortura e a censura à imprensa e às artes como políticas de estado, governa por decretos (depois revogados pelo Congresso ou pelo STF) e quer impor uma pauta de costumes da qual faz parte, por exemplo, a abstinência sexual para adolescentes, proposta pela ministra Damares Alves, sua ministra predileta e coloca sempre a bíblia acima da constituição.
Embora seu tempo no poder seja limitado, ele almeja perpetuar-se nele através de seu clã familiar. Todos os seus movimentos sinalizam querer transformar o país numa teocracia.
Bolsonaro ama Trump, mas quer ser aiatolá.
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