Boicotem Eduardo Cunha
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A imprensa não pode ser esquizofrênica. Não pode não acreditar no que ela própria afirma.
Não pode ter duas cabeças.
Por um lado, dá espaço a um farto noticiário com inúmeras provas de que Eduardo Cunha está se afogando num mar de lama suíço, o que lhe tira qualquer legitimidade para continuar à frente de um dos postos mais relevantes e influentes da vida brasileira e, por outro, continua tratando-o como legítimo presidente da Câmara dos Deputados.
Ou a imprensa corrobora o que escreve – e não condena Cunha só nas páginas, mas no corpo a corpo do dia a dia – ou abdica do direito de ser o quarto poder da República.
Não dá para conviver sem uma ponta de revolta e de mal-estar com cenas como as que vemos hoje. Abrimos o jornal e jorram depoimentos, extratos, recibos, passaportes, contas secretas milionárias de Cunha e quando ligamos a TV lá está o mesmo Cunha cercado de microfones fazendo o seu proselitismo da perseguição e dando continuidade aos desmentidos e às chantagens habituais.
Se houvesse mesmo algum traço de honestidade nas palavras de Cunha, ele deveria fazer o mesmo que Romário. Acusado por uma revista de manter conta secreta na Suíça, viajou até lá, foi ao banco e obteve uma certidão de que não tem dinheiro algum. Provou, assim, que seus extratos eram falsos. E vai ganhar uma bolada da revista, com certeza, como forma de indenização, além das desculpas que já obteve.
Por que Cunha não faz exatamente isso? E prova que os extratos atribuídos a ele são mentirosos? Porque tem medo de fazer uma viagem internacional, pode estar numa lista de procurados da Interpol, tal como Paulo Maluf e acabar surpreendido, como José Maria Marin, preso até hoje na Suíça.
E depois, ele, mais do que ninguém sabe que seus extratos são verdadeiros.
Os repórteres que estão lá no Salão Verde da Câmara dos Deputados esticando seus microfones para ouvir Cunha cumprem ordens e não têm autonomia para acatar a minha proposta. Mas deveriam ser orientados pelas chefias: não entrevistem Cunha; boicotem Cunha; fechem seus microfones; virem de costas para ele; não deem voz a quem não tem mais legitimidade; ele tem que se tocar de que seu poder se esvaiu; suas palavras não significam nada desde que divorciadas da verdade.
E, no entanto, por mais incrível que pareça, os microfones vão continuar lá, obedientes, à disposição de seus desmentidos e ansiosos por serem os primeiros a registrar o momento mais esperado por suas chefias, o de dizer sim ao impeachment.
É para isso que os microfones estão lá.
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