Boicote às eleições: infantilização ou esclerose

"O que o PT ganharia com o boicote? Nada, absolutamente nada. Não provocaria nenhum curto-circuito na sociedade e na estrutura do poder conservador. O PT foi incapaz de defender Dilma no processo do golpe. Não tinha exércitos, não tinha trincheiras e não tinha disposição e moral para a luta. E o partido ocupava várias estruturas do poder no Estado. Agora, o PT mostra-se incapaz de defender Lula, de mobilizar em favor do direito de Lula disputar as eleições", diz o professor Aldo Fornazieri; "Povo sem direção e comando não fará guerra alguma. O PT parece estar abdicando do ânimo de lutar. Fugir das eleições é não lutar"

Lula 
Gleisi
Lula  Gleisi (Foto: Aldo Fornazieri)


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De duas uma: o debate em torno do boicote das eleições de 2018 por parte do PT ou é sinal de infantilização ou de esclerose mental. Prática conhecida na América do Sul pela direita golpista venezuelana, trata-se de uma renúncia à luta em nome de uma atitude pueril e inconsquente. O resultado de tal atitude, se vier a ser adotada, será uma derrota ainda maior das forças democráticas e progressistas e o alargamento do campo de poder para os conservadores e reacionários, que crescem em suas investidas fascistóides.

O que o PT ganharia com o boicote? Nada, absolutamente nada. Não provocaria nenhum curto-circuito na sociedade e na estrutura do poder conservador. O PT foi incapaz de defender Dilma no processo do golpe. Não tinha exércitos, não tinha trincheiras e não tinha disposição e moral para a luta. E o partido ocupava várias estruturas do poder no Estado.

O PT foi incapaz também de defender os seus antigos líderes que foram sendo ceifados ao longo do tempo. Agora, o PT mostra-se incapaz de defender Lula, de mobilizar em favor do direito de Lula disputar as eleições. Diz que haverá uma "guerra" se Lula for impedido de concorrer, mas que será uma guerra que não será travada por petistas e sim do povo que foi às caravanas. Povo sem direção e comando não fará guerra alguma. O PT parece estar abdicando do ânimo de lutar. Fugir das eleições é não lutar.

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A saída mais condizente com a virtude moral da coragem é lutar nas ruas para que Lula seja candidato, é Lula e o PT ficarem junto do povo, organizando-o, conscientizando-o e mobilizando-o. Se Lula for impedido, há que se participar das eleições, denunciando o seu caráter golpista, buscando fortalecer as forças democráticas e progressistas nos movimentos sociais, nas periferias, no Senado, na Câmara dos Deputados, nos governos estaduais e nas Assembléias Legislativas. Abdicar das eleições significa abdicar desses espaços de luta e de combate em prol dos direitos, da justiça, da igualdade e da democracia. Mesmo que se concorra a esses cargos, sem uma  candidatura presidencial ocorrerá um processo de despotencialização eleitoral.

O PT vem se arrastando confusamente na conjuntura desde o início de 2015. Está na hora do partido assumir responsabilidade e indicar um caminho de lutas e mobilizações para as forças democráticas e progressistas, buscando uni-las em torno de um programa para o Brasil e das reivindicações sociais e populares. O PT precisa descer dos tamancos da arrogância, que foi um dos fatores que produziu as derrotas recentes. É preciso encarar com sobriedade e responsabilidade o contexto de derrotas e dificuldades e buscar sua superação lutando, e não abdicando do combate.

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