Boato

Há muito boato e pouca informação chegando aos ouvidos dos brasileiros



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O boato é a forma mais antiga de comunicação social e continua a fazer parte da vida de todo mundo. Afinal, quem já não ouviu ou ajudou a passar adiante um boato? Por trás da transmissão de um boato, oculta-se muitas vezes uma questão de prestígio social. Quem detém informações aparece aos olhos dos seus pares como alguém que está "por dentro", sabe logo o que os demais ignoram e, em certo sentido, é mais do que os outros, pelo menos enquanto as suas informações não forem desmentidas.

Mesmo quando é falso, como a origem do boato é quase sempre anônima, o seu transmissor tem a seu favor a circunstância atenuante de não ter se comprometido até o fundo da alma com aquilo que transmitiu. "O boato é sempre uma fonte alternativa que se contrapõe a uma verdade oficial e seu efeito é o de substituir a notícia oficial ou colocá-la em xeque. Contar uma história que os demais desconhecem, faz com que uma pessoa seja mais respeitada pelo grupo", resume um psiquiatra. Boato vem do latim (boatus), significando "mugido, grito agudo".

Na Antiga Roma, os imperadores, cientes de que a plebe gostava tanto de um rumor quanto de uma luta de gladiadores, nomeavam os delatores, do latim (delatio) que significa contar, referir, cujo trabalho era circular pelas ruas e levar ao imperador a vox populi. Se os boatos fossem prejudiciais à imagem do imperador, os delatores, como agentes desse verdadeiro serviço nacional de informações, versados na arte da guerra psicológica adversa, lançavam os boatos em sentido contrário.

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Não há quem, com maior ou menor convicção, não tenha sido cúmplice da difusão de uma história, geralmente envolvendo gente famosa, sem ter a menor ideia se era verdadeira, ou não. Ou, o que ainda é mais comum, difundi-la, sem se perguntar se aquele boato não teria sido plantado de propósito por alguém, interessado em beneficiar-se da circulação da falsa notícia. Passar um boato adiante parece fazer parte da condição humana. Muitos boatos nascem de um mal-entendido. Alguém tira uma conclusão errada do que vê, lê ou escuta, confunde um gesto ou uma frase e pronto, faz brotar uma inverdade que, levada às últimas consequências, pode envenenar a reputação de inocentes, até mesmo antes que fiquem sabendo do rumor.

É sempre tudo muito parecido: uma história que ninguém sabe exatamente de onde saiu passa de boca em boca e, em questão de horas, se tanto, com os devidos acréscimos e bordados, vira verdade verdadeira. O boato é um dos mais assíduos frequentadores de conversas, em toda parte e de todo tipo de gente. Costuma crescer feito bola de neve em situações de tensão e de ansiedade. E pode murchar como um balão furado, assim que alguém se dá ao trabalho de conferir um rumor antes de passá-lo adiante, o que raramente acontece. Mas às vezes, um boato sobrevive a todas essas checagens - e aí... vira lenda.

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