BNDES confronta BC, fragiliza Campos Neto e fortalece Lula-Haddad
Se Campos Neto, na próxima reunião do Copom, praticar maior taxa real de juros do mundo – 13,75 nominal e 8,4% real – estará insistindo em liquidar a economia
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Em defesa de política desenvolvimentista capaz de alavancar propostas econômicas do presidente Lula, tocadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na costura política com Congresso de novo marco fiscal-social, o presidente do BNDES, Aluísio Mercadante e o seu braço direito, André Lara Resende, colocaram em sinuca de bico o ultraneoliberal presidente do Banco Central Independente(BCI), Campos Neto, cuja política monetária restritiva condena país à paralisia econômica via taxa de juros excessivamente elevada.
A estratégia de Mercadante-Resende foi a de convidar como principal palestrante de seminário internacional, realizado no Rio, com representantes das forças produtivas, em processo de sucateamento financeiro, o economista prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, ácido crítico internacional do monetarismo neoliberal; ele sentenciou o caráter destrutivo do BC, sob Campos Neto, que, na sua opinião condena da economia brasileira à morte.
A manobra política Mercadante-Lara coincide com temor global sobre desfecho incerto da crise bancária que destruiu, em uma semana, três importantes bancos europeu e americanos e que levou o FED – Banco Central dos Estados Unidos – a convocar seus pares, os bancos centrais mais importantes do mundo a elevarem a liquidez monetária internacional como arma anticíclica; ou seja, o oposto da ação de Neto, que, como um beato Salu, carrega bandeira da inquisição contra consumo, emprego e produção; afinal, ele já disse que a melhor forma de corrigir a economia é levando-a à recessão.
Se Campos Neto, na próxima reunião do Copom, adotar posição inflexível de continuar colocando o BC Independente a praticar maior taxa real de juros do mundo – 13,75 nominal e 8,4% real – estará insistindo em liquidar a economia por meio de restrição monetária, enquanto os demais BCs(EUA, Europeu, Canadá, Japão, Austrália) decidem o contrário para barrar eventual crash.
É exatamente por medo dessa possibilidade que os BCs iniciaram a semana discutindo ação conjunta de maior oferta de moeda na circulação, para evitar quebradeira. Visam contrapor-se à ação do Banco Central da China, adversário maior do FED, que cogita sustentar juro mais e mais competitivo com o ocidente como principal arma para vencer a economia americana afim de acelerar desdolarização internacional.
Durante o seminário organizado pelo BNDES, Lara Resende aprofundou suas críticas ao monetarismo ortodoxo do qual todos buscam fugir; destacou que a soma dos juros e dos impostos altos vigentes no Brasil não deixam a economia crescer, sustentavelmente; suas advertências que têm repercutido fortemente no mercado, abalando convicções neoliberais, influenciaram declarações de líderes do Congresso – Pacheco(Senado) e Lira(Câmara) – segundo as quais é chegada a hora de rever as taxas de juros como saída para a crise.
FRENTE POLÍTICA E ECONOMICA CONTRA BC INDEPENDENTE NEOLIBERAL
Os efeitos do seminário do BNDES se somaram, também, às declarações de líderes industriais do setor automobilístico ao anunciarem paralisação temporária das empresas em março e abril; as vendas esfriaram frente ao aumento da produção, o que eleva estoques e derruba taxa de lucro, levando à recessão e desemprego; ou seja, o BC Independente sob tacão neoliberal de Campos Neto representa, na prática, a condenação à morte da economia nacional, como alertou Stiglitz.
O pano de fundo composto pelo neoliberalismo monetarista radical do BC Independente, que se mostra incompatível, até, mesmo, com a tendência esboçada pelos mais importantes BCs do mundo, é a de construir uma polaridade cada vez mais intensa entre o produção e o consumo, de um lado, e a especulação financeira que a taxa de juro de Campos Neto, de outro, provoca; a reação do presidente da Fiesp, Josué Gomes, de considerar inaceitável a política monetarista restritiva, cria clima político que vai isolando os especuladores da Faria Lima como adversários que necessariamente precisam ser vencidos em nome da estabilidade econômica e política nacional.
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