Por que 2019 não é um ano para ser esquecido

Ou a gente se reinventa levando em conta 2019 ou a gente vai sair muito pior lá na frente

(Foto: Marcos Correa/PR)


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Publicado no Blog do Rovai

Há muita gente se perguntando se não era melhor ter passado direto de 2018 para 2020, como se o ano que termina não tivesse existido.

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Uma sensação de gosto amargo na boca, de que tudo ou quase tudo deu errado é o mantra da vez.

A sensação dos que defendem a democracia, o meio ambiente, os direitos humanos, as liberdades é de que estamos saindo piores do que entramos deste ano.

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Há muito de verdade nisso, mas nem sempre tudo é tão verdadeiro quanto parece.

Sem querer fazer o papel de Polyana, fazendo o jogo do contente e tentando extrair algo de bom e positivo de tudo, quero dizer que sim, aprendemos muitas coisas neste 2019 e que serão fundamentais pra gente seguir adiante.

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Aprendemos, por exemplo, que ampla maioria dos neoliberais se danam para a democracia e as liberdades. Eles estão de olho nas planilhas da bolsa e na política econômica. E que se as tais reformas estiverem sendo feitas eles se fazem de cego em relação às outras coisas.

Que a mídia brasileira nunca esteve preocupada de fato com a liberdade de imprensa ou com ameaça autoritária aos meios de comunicação, porque Bolsonaro fez o que quis com os veículos e ouviu no máximo lamurias de um ou outro, com destaque especial à Folha de S. Paulo, que premia o presidente no último dia do ano com um artigo onde um energúmeno (usando o vocabulário presidencial) defende com destaque avanços nos direitos humanos no atual governo.

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Aprendemos neste ano que muitos artistas que berravam forte contra qualquer decisão do governo Lula ou Dilma, como a tentativa correta de criação da Ancinav, não são tão corajosos assim para contestar a destruição, por exemplo, da Ancine.

Aprendemos que um ministro como o da Educação pode tirar duas férias no ano sem que isso se torne um escândalo, quando antes um comprar uma tapioca virava horas de matérias televisivas.

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Aprendemos que um presidente da República pode esconder os gastos de seu cartão corporativo e fazer viagens internacionais sem agenda que as justifiquem.

Aprendemos que muitos ambientalistas de botequim e de boutique não choram pela Amazônia quando ela está sofrendo seu maior ataque ambiental.

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Aprendemos que fazer política é algo mais complexo. Que o bom mocismo do Papai Noel é coisa só para o Natal e que precisamos levar mais a sério a luta popular. Olhar mais para o andar de baixo da sociedade e voltar a dialogar com o povo.

Porque também aprendemos que hoje aquela base social que considerávamos mais próxima aos valores que defendemos está sendo disputada com unhas e dentes por usurpadores da fé alheia e por milícias do crime organizado. Que a desestruturação social é algo muito mais complexo do que imaginamos e não é algo que vai ser resolvido numa penada ou pelos desígnios de um líder como Lula ou pela força do Papa Francisco.

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Estamos num momento de virada da curva, de mudança de ciclo e este aprendizado vai obrigatoriamente nos fazer reinventar. Ou a gente faz isso levando em conta 2019 ou a gente vai sair muito pior lá na frente.

2019 não é um ano para ser esquecido.

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