Bizarra eleição presidencial

Hoje a maioria dos eleitores franceses opta pelo menos ruim!  Marine Le Pen é a inimiga da emancipação, da liberdade e Emmanuel Macron é apenas um adversário

Os candidatos ao segundo turno da eleição presidencial da França Marine Le Pen e Emmanuel Macron. REUTERS/Charles Platiau
Os candidatos ao segundo turno da eleição presidencial da França Marine Le Pen e Emmanuel Macron. REUTERS/Charles Platiau (Foto: Marilza De Melo Foucher)


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Nestes tempos conturbados, precisamos de muito impulso para melhorar a moral, e, ao mesmo tempo, entender melhor os rumos da França, da Europa e do mundo. Principalmente, se olhamos as previsões do tempo... Nada de bom se apresenta para este primeiro domingo de maio. Acordamos hoje com o tempo nublado e de muita chuva... Nada de melhoria no horizonte! A previsão não é boa, todavia, precisamos nos acostumar com os maus presságios...

Apesar de mau tempo, os eleitores franceses escolherão entre a candidata da extrema direita neofascista e o candidato que representa a ideologia neoliberal. Emmanuel Macron, provavelmente o futuro Presidente, o candidato do mundo midiático é a nova “oferta política”,rotulado pela mídia como nem de esquerda e nem de direita. O próprio candidato, por oportunismo político terminou optando por ser de direita e por vezes de esquerda. A política, na ideologia neoliberal, tornou-se um bem comercializável, objeto de marketing apresentado em linguagem formatada para produzir impacto. A regra do jogo é construir a oferta de um candidato e um programa, tendo em conta os desejos (a demanda) dos principais setores da economia, do sistema financeiro e, finalmente, em ultimo lugar dos eleitores. Estamos diante de um estranho mundo, o modelo neoliberal se transforma em ideologia. 

Dentro desta nova concepção da política é que os franceses neste domingo cinzento estão indo votar. Eles irão escolher o novo presidente ou a nova presidente. Alguns certamente não comparecerão às urnas, irão aproveitar do feriado de 8 de maio ( segunda feira); outros anularão seu voto, muitos votarão em branco, apesar deste voto não ser contabilizado. A maioria votará no jovem candidato hibrido Emmanuel Macron. Todavia, a maioria não aprova o seu programa de governabilidade, eles apenas irão barrar a ascensão da extrema direita ao poder.

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Ao escolher a cédula Macron, os eleitores de esquerda, certamente não irão abandonar a luta radical para restabelecer a democracia moribunda, enferma há muitos anos, e, certamente continuarão na busca utópica para resgatar o senso comum da política, já há algum tempo confiscada pela ideologia neoliberal. Há 30 anos esta ideologia tenta ofuscar as diferenças ideológicas. Com o apoio do quarto do poder, a ideologia neoliberal promoveu a despolitização como estratégia de destruição dos opositores. Hoje esta ideologia é dominante, e empurra o mundo para uma sociedade individualista, cada vez mais competitiva. O voto Macron deste domingo representa sua vitoria!

A França, terra dos grandes intelectuais, de grandes filósofos e políticos, que marcou o século das luzes, que fez a revolução, que estabeleceu os princípios dos direitos humanos, que venceu o nazismo pela organização da resistência de seus cidadãos, hoje a França republicana vive um momento trágico de sua historia política. Seus eleitores irão às urnas, certamente sem o mesmo brio que marcou a historia desta grande nação, onde a resistência foi sua marca. Eles irão tentar salvar a democracia gravemente enferma. Eles serão obrigados a depositar um voto para barrar o fascismo e os nazistas que tanto mal fizeram a Europa.

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Hoje a maioria dos eleitores franceses opta pelo menos ruim!  Marine Le Pen é a inimiga da emancipação, da liberdade e Emmanuel Macron é apenas um adversário. Este jovem tecnocrático-banqueiro é um típico fruto da ideologia neoliberal. O voto do primeiro turno representou apenas 24 % do eleitorado francês, uma grande parte dos eleitores foi manipulada pelo chamado “voto útil” promovido pelos meios de comunicação. 

O futuro da governabilidade francesa é incerto, talvez seja a morte definitiva quinta república, a coabitação entre a direita e a esquerda nunca funcionou e os franceses nunca permitirão de enterrar definitivamente seu modelo social. A especificidade francesa dentro do espaço europeu é a sua originalidade.

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