Biden terá que lutar no Congresso para enviar doação substancial ao Fundo Amazônia; essa é uma batalha que ele quer travar
"Para Biden, se trata de mostrar que o governo americano está fazendo o possível para ajudar um projeto sério de proteção da floresta tropical", explica Paiva
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Em visita ao Brasil, o enviado especial para o clima do governo americano, John Kerry, anunciou que os Estados Unidos estão comprometidos a participar do Fundo Amazônia. Ele não prometeu um valor exato de contribuição, mas disse que estão trabalhando com uma proposta de US$9 bilhões na Câmara dos Deputados e outra de US$4,5 bilhões no Senado a serem destinados para a proteção ambiental em países em desenvolvimento.
Os valores apresentados por Kerry, em resposta a pergunta da imprensa em uma coletiva conjunta com a ministra Marina Silva, são absolutamente superiores aos US$50 milhões aventados no início de fevereiro, durante a visita de Lula a Washington. No decorrer da sua campanha presidencial, Joe Biden falou diversas vezes sobre a criação de um fundo de US$20 bilhões para ajudar na preservação da Amazônia.
Mas John Kerry não se esquivou de fazer uma promessa específica de valor por desinteresse do governo dos Estados Unidos. Para além do desejo da Casa Branca, a administração Biden precisa ainda convencer o Congresso sobre esta doação. Ainda que Kerry tenha afirmado que ambas as propostas são bipartidárias, ou seja, que foram escritas por membros de ambos os partidos, é bem provável que o governo enfrente resistência, sobretudo na Câmara que possui, desde o início do ano, uma nova maioria republicana.
Atualmente Joe Biden está na corda bamba. O governo já enviou dezenas de bilhões de dólares para a Ucrânia e, ao mesmo tempo, está travando uma guerra para garantir o aumento do teto de endividamento do país. Caso o Congresso não autorize este aumento, o governo não teria dinheiro para arcar com suas obrigações mais básicas, como o pagamento de salários do funcionalismo público e de contratos privados. Nesse bolo todo, não será fácil convencer um Congresso conservador a enviar bilhões para o Brasil.
A visita de John Kerry, no entanto, e sobretudo o fato de ele mencionar esses valores durante a coletiva, mostra uma total mudança na relação dos Estados Unidos com o Brasil. Ainda que o caminho seja difícil, Kerry quis deixar claro a intenção de uma contribuição generosa. Para o governo Biden não se trata apenas de responder a um pedido brasileiro, mas de poder mostrar para fora e, principalmente, para dentro, para a sua base eleitoral, de que o governo americano está fazendo o possível para ajudar um projeto sério de proteção da floresta tropical. O governo Brasileiro quer a contribuição, mas o governo americano quer poder dizer que contribuiu - e US$50 milhões não resolve.
Ainda na coletiva, Kerry afirmou que pretende fazer uma nova visita ao Brasil em Abril, possivelmente visitando a Amazônia. É importante lembrar que o democrata não é qualquer um na administração Biden. Ele foi candidato à presidência em 2004, quando perdeu para George W. Bush, e foi secretário de Estado durante o segundo mandato de Barack Obama. Estas repetidas visitas mostram um interesse ativo da Casa Branca de se aproximar do Brasil e de colar sua imagem, principalmente, aos esforços de Marina Silva na mudança das políticas ambientais do país.
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