Biden empurra Putin para socialismo
"O capitalismo unilateralista ocidental, sob comando do dólar, perde terreno para seus dois concorrentes maiores, a Rússia e a China", escreve César Fonseca
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Por César Fonseca
Duas notícias explosivas abalam, nesse momento, o capitalismo ocidental; primeira, a burguesia russa, que tem apoiado Putin, teme a volta do leninismo-trotskismo, ou seja, a revolução de 1917, comandada pelo operariado, em aliança com exército e camponeses, que derrubou a monarquia e, em seguida, a república, instaurando regime socialista; segunda, que a Rússia pede armas à China, para enfrentar Estados Unidos e Otan, que armam a Ucrânia contra a Rússia. Começando pela segunda: a notícia da Rússia sendo armada pela China, tem origem em fontes de Washington, que pedem anonimato, ou seja, não merece confiança, porque se sabe, sobejamente, o potencial de Tio Sam para fazer intriga em tempo de guerra; só de se esconder para não aparecer, a fonte americana já mostra o caráter fantasmagórico da informação. Já a segunda, não; por vir de alguém conhecido, Vladimir Potanin, considerado o russo mais rico da atualidade, merece ser avaliada com grande preocupação pelos Estados Unidos; a burguesia russa coloca-se contra a expulsão de burgueses internacionais atuando na Rússia; particularmente, as duas burguesias, russa e européia, por exemplo, são parceiras em grandes negócios, na área do petróleo, do gás, do trigo, dos minérios; há entre elas total sinergia, embora o modo de produção burguês seja, essencialmente, antagônico; se a burguesia estrangeira se torna passível de ser expropriada por Putin, acossado pelas sanções internacionais comandadas por Washington, o que lhe restará de apoio interno, se a burguesia russa perde seu braço estrangeiro?
CAMINHANDO PARA 1917
Até agora, o presidente russo, Vladimir Putin, tem diante de si dois apoios tensos, sujeitos às circunstâncias históricas, sempre mutantes: um interno, o exército, e outro externo, a China, com a qual firmou acordo sem limites, no início de fevereiro, tendo por fim aliança econômica, para exploração da Eurásia, nova fronteira econômica global, no século 21; configura-se, por conta da guerra na Ucrânia, formação, na Rússia, do esboço político que deu vitória aos sovietes, em 1917: o exército, o operariado e os camponeses, com crescente redução do poder político da burguesia, cada vez mais dependente do Estado, comandado por Putin; estado forte, com exército aliado aos trabalhadores urbanos e camponeses, eis o mesmo tripé que se articulou para derrubar a burguesia na União Soviética, em 1917; esse pode ou não ser, no calor da guerra na Ucrânia, invadida por Putin, o resumo ligeiro do que se desenvolve, politicamente, na Rússia, aos olhos dos capitalistas russos, ameaçados pelas sanções internacionais, comandadas por Biden e Otan?
SEMELHANÇAS ENTRE PRESENTE E PASSADO
Assim, como, em 1917, a União Soviética e sua proposta socialista foram cercadas por 14 exércitos estrangeiros, mobilizados pelos capitalistas ingleses, franceses, alemães, italianos e americanos, principalmente, nesse instante, em 2022, 105 anos depois, as forças ocidentais capitalistas movimentam-se no mesmo sentido; juntam-se para tentar derrubar nacionalismo na Rússia, resistente à tentativa americana de levar a Ucrânia para OTAN e União Europeia, sob ordens gerais de Tio Sam, na tarefa de reunir exércitos de mais de 30 países; mutatis mutantis, novamente, o capitalismo ocidental, que perde competição para a aliança capitalista russa e chinesa, marcada pela tendência ao nacionalismo-socialismo, tenta um cerco cujas consequências levam o mundo à terceira guerra;
MULTILATERALISMO X UNILATERALISMO
O capitalismo unilateralista ocidental, sob comando do dólar, perde terreno para seus dois concorrentes maiores, a Rússia, estado militar capaz de enfrentar, resistir e ultrapassar o americano, e a China, coordenada pelo partido comunistra chinês, que ganha espaço frente a Tio Sam, graças ao controle, organização, disciplina e planejamento econômico, frente à anarquia financeira incontrolável do capitalismo ocidental. Biden, realmente, falou a verdade, expondo todo o seu consciente receio ao dizer que a articulação de Putin e Jiping tende a levar o mundo ao que o magnata russo antevê, ou seja, ao leninismo-trotskismo, conforme concebe o partido comunista chinês, para dar unidade às duas potências, militar e econômica do leste e do oriente, em vantagem à do ocidente, afetada pela financeirização especulativa anárquica que contribui decisivamente para abalar e destruir, historicamente, o capitalismo ocidental, como fenômeno histórico e social, sujeito às mudanças permanentes.
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