Biden dá aula a Bolsonaro para enfrentar pandemia
Bolsonaro ainda não acordou para o fato de que Paulo Guedes significa falta de oxigêncio, como está acontecendo com os que estão morrendo por asfixia, em Manaus
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Keynes desembarca em Washington
Bem ainda não tomou posse e já o presidente eleito Joe Biden manda o Banco Central dos Estados Unidos emitir U$ 1,9 trilhão para garantir auxílio emergencial aos trabalhadores que estão no sufoco da crise econômica aprofundada pela pandemia do novo coronavírus; já é a segunda rodada de injeção de grana na circulação capitalista americana; a primeira foi feita por Trump, garantindo 600 dólares semanais, em dezembro de 2020: certamente, nova injeções deverão ser feitas, se for preciso; o FED fez isso, de maneira mais desenvolta, depois do crash de 2008; para salvar a economia da implosão dos derivativos de dólares, produzidos pelo colapso do mercado imobiliário, naquele ano, o FED, antes que a praga espalhasse, atuou como bombeiro para apagar o fogo; agora, repete a dose; é Keynes na veia; o grande economista inglês é sempre a solução nas horas dramáticas; para ele, a única variável econômica verdadeiramente independente no capitalismo é a quantidade da oferta de moeda na circulação capitalista; quando o governo faz isso, diz, cria 4 fatores imediatos e simultâneos; 1 – eleva os preços; 2 – diminui salários; 3 – reduz juros e 4 – perdoa dívida contratada a prazo; cria-se, dessa forma, a tal da eficiência marginal do capital, ou seja, o lucro; é o momento em que desperta o espírito animal do empresário; ele deixa de ter medo de enfiar a mão no bolso e parte para os investimentos; ganha, igualmente, de forma imediata, o próprio governo, com aumento da arrecadação de impostos como produto do aquecimento da demanda.
Nova teoria monetária
Agora, se sabe, depois do crash de 2008, que as emissões nem inflação mais provocam, como teorizava os neoliberais, para conter o Estado em sua ação anticíclica; o BC americano, o FED, jogou bilhões para socorrer a economia, financiando troca de títulos podres por títulos sadios(quantitative eise), salvando, principalmente, a banca; o resultado foi taxa de juro zero ou negativa, que deixou de pressionar dívida pública, abrindo espaço para mais e mais gasto público; é a forma que Tio Sam busca criar inflação, a “unidade das soluções, segundo Keynes; acabou a teoria neoliberal de que a inflação é fenômeno monetário; o capitalismo em crise, nesse momento, clama por inflação; o elixir desenvolvimentista keynesiano; assim como o governo americano salvou o capitalismo financeirizado do colapso em 2008, da mesma forma, atua, agora, em plena pandemia, para salvar o mercado consumidor, sem o qual o sistema desaba; o auxílio emergencial de U$ 1,9 tri autorizado por Biden obedece a mesma orientação da expansão monetária(quantitative eise) promovida por Barak Obama, na hora dramática da pandemia decorrente da especulação desenfreada com os derivativos de dólar; de lá prá cá, o capitalismo mudou de pele; enterrou a política monetária restritiva neoliberal segundo a qual a inflação é fenômeno monetário e partiu para a nova teoria monetária moderna, ancorada no argumento de que o governo não tem restrição para se endividar na sua própria moeda; é a nova ordem em Washington; como ficará a periferia capitalista brasileira?; dívida pública é solução, não problema; por isso, o capitalismo entrou em nova fase internacional de expansão financeirizada; o presidente capitão foge da solução, que foi o auxílio emergencial de R$ 600, autorizado pelo Congresso, para enfrentar o mesmo problema; diz que não tem dinheiro; esconde atrás da incompetência para governar, exercitando soberania monetária.
Expansão chinesa
A China, já nos anos 1980, recusou entrar na restrição monetária ditada pelo Consenso de Washington, depois que o FED puxou taxa de juros de 6% para 22% ao ano, em 1979; fizera isso em nome da salvação da moeda, ameaçada pela inflação decorrente do déficit público gerado por guerras, que levaram o governo de Tio Sam a descolar o dólar do ouro; desobedientes a Washington, os chineses construíram, soberanamente, sua pujança econômica, que, hoje, ameaça a hegemonia americana no mundo; o Brasil, que se rendeu ao Consenso de Washington, entrou em buraqueira; sua soberania econômica foi para o sal; obedeceu as políticas neoliberais ditadas por Wall Street, FMI, Banco Mundial e BID e se encalacrou; a China seguiu o exemplo do próprio imperio americano: aumentou emissão de moeda nacional sem medo de fazer dívida pública, para puxar desenvolvimento nacionalista chinês; o resultado é a China nova potência global; o Brasil obedeceu Washington; hoje é neocolônia americana; Biden segue a velha regra do império: manda ver na dívida pública, para tirar os americanos da crise; segue não, apenas, Keynes, mas, também, Adam Smith, que diz que dívida pública não se paga, renegocia, interminavelmente.
Desastre bolsonarista
Bolsonaro faz o contrário e, cada vez mais, se afunda na economia, seguindo, com Paulo Guedes, os ultrapassados conceitos de Chicago; nem as empresas americanas acreditam em Chicago; a Ford acaba de dar seu exemplo: sem subsídios do Estado brasileiro, não enfrenta o livre mercado; prefere ir embora, deixando prá trás dívidas e prejuízos, depois de ganhar muito dinheiro por aqui, durante mais de 100 anos; Biden, como Trump, não acreditam em livre mercado; creem, isso sim, em intervenção estatal permanente, para conduzir o capitalismo americano; Bolsonaro, ao seguir Paulo Guedes, não tem outra coisa a fazer senão seguir sucateando o Estado, destruindo empresas nacionais, como tenta fazer, nesse momento, com o Banco do Brasil, depois de seguir desestruturando dois dos principais agentes desenvolvimentistas brasileiros: Petrobrás e a Eletrobrás; ao deixar na mão do Posto Ipiranga o futuro do país, ameaçado pelo colapso neoliberal, intensificado pela pandemia do coronavírus, o resultado que cai no colo do presidente capitão é o desastre total da escalada de mortes, a desestruturação do SUS etc; ao fazer o contrário do que faz Biden, de renovar o auxílio emergencial, como forma de dinamizar a economia, corre perigo cada vez maior; sua continuidade no poder pode ser abreviada antes da sucessão de 2022; o impeachment está batendo cada vez mais forte na porta do Planalto, quanto mais o governo militarizado pelo capitão seguir as ordens dos banqueiros; estes impõem-lhe o teto de gastos, reformas neoliberais destrutivas do mercado interno, enquanto lhe falta dinheiro para saúde, afim de evitar escaladas de morte; Bolsonaro ainda não acordou para o fato de que Paulo Guedes significa falta de oxigêncio, como está acontecendo com os que estão morrendo por asfixia, em Manaus.
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