Biden aumenta retórica de guerra, enquanto leva “nó tático” de Putin

Em sua coluna semanal, o jornalista José Reinaldo Carvalho, editor internacional do Brasil 247, atualiza o cenário de tensões militares entre os EUA e a Rússia

Joe Biden e Vladimir Putin
Joe Biden e Vladimir Putin (Foto: Reuters)


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Por José Reinaldo Carvalho - Permanece no Leste da Europa o clima de confrontação e guerra fomentado pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan contra a Rússia, em uma sucessão de episódios que se convencionou designar como "crise ucraniana".

Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, intensificou a retórica ameaçadora. Ignorando por completo as normas mais elementares de convivência política e diplomática, rompe totalmente com os princípios do multilateralismo, que ele entende apenas como a criação de uma frente única de países aliados para combater seus principais inimigos. Um multilateralismo de fancaria, bem distante do diálogo entre iguais, da solução política dos conflitos, do protagonismo das Nações Unidas. Da maneira mais explícita o ocupante da Casa Branca entrou em ofensiva para impor a ferro e fogo a hegemonia americana, cada vez mais difícil de assegurar num contexto em que é visível o declínio da superpotência estadunidense num mundo vivendo o vórtice de inimagináveis transformações. 

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A cúpula China-Rússia de 4 de fevereiro, que resultou na assinatura de uma Declaração Conjunta entre essas duas grandes potências globais - sem sombra de dúvidas o maior acontecimento geopolítico das duas últimas décadas - transtornou o líder democrata, que,  não satisfeito com a conduta de alguns aliados, desqualificou líderes como o presidente francês, Emmanuel Macron, e até mesmo o tedesco Olaf Scholz. Este último, embora adotando um discurso severo contra a Rússia, tem contornado até agora a pressão de Biden pelo cancelamento do gasoduto Nord Stream 2. 

A situação crítica que levou às atuais tensões políticas e militares no Leste da Europa foi provocada pelas forças militaristas ocidentais, concentradas na Otan sob o comando do imperialismo estadunidense. Resulta de uma acumulação de fatores históricos durante pelo menos 25 anos. Desde 1997 a Otan deu curso a um processo de expansão de suas forças para as proximidades das fronteiras russas, por meio da incorporação dos países que anteriormente fizeram parte do sistema socialista do Leste europeu e de Estados nacionais que eram repúblicas da antiga União Soviética. 

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Foi isto que levou a Rússia a elaborar um memorando pela paz e a estabilidade na região, exigindo a rejeição ao ingresso da Ucrânia na Otan, a limitação do envio de tropas e armas para as proximidades das fronteiras da Rússia, a proibição da instalação de mísseis de médio e curto alcance e armas nucleares fora do território nacional de cada país da Aliança Atlântica e a interrupção da expansão da Otan para o leste. A posição estadunidense foi a negação em toda a linha das reivindicações russas, o que equivale a um desafio e a uma demonstração de que os EUA se preparam para guerrear contra Moscou, se não diretamente, pela interposta via da Ucrânia. Moscou, por seu turno, não recolhe às suas armas nem retira seus argumentos e pleitos. Está pronta para respostas diplomáticas e militares. 

Os últimos dias têm sido marcados por intensa atividade diplomática, na qual a Rússia tem aplicado um "nó tático" aos EUA, principalmente com a demonstração da validade dos acordos de Minsk, o que abre uma porta para uma solução satisfatória para o conflito na região do Donbass, caso seja vinculada ao impedimento da adesão da Ucrânia à Otan.  

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A liderança de Putin e a condução da política externa russa por Sergey Lavrov mostram ao mundo um flagrante contraste com a palidez do desempenho da dupla Biden-Blinken. 

Mas os tambores de guerra continuam a rufar. 

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