Benedita da Silva e o meu react ao primeiro debate no Rio de Janeiro
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Hoje vou escrever sobre as minhas impressões a respeito da participação dos candidatos à Prefeito do Rio de Janeiro, no debate realizado pela Band TV. Sem muitas delongas, vamos direto ao ponto.
1 - Marcelo Crivella – Exibindo a sua habitual palidez física e a cara de pau que pontua o seu discurso, o bispo da Universal conseguiu aumentar o ranço do público com relação a sua pessoa e a sua gestão. Para quem já ressuscitou pessoas em seus cultos, usar o debate para ressuscitar o mentiroso, morto e sepultado “kit gay”, dizendo que a candidata do PSOL Renata Souza iria distribui-lo nas escolas se fosse eleita, é uma prova da sua desonestidade intelectual e da sua deficiência de caráter. Senil e mentiroso, sua participação no debate foi pífia, patética e pragmática. Queima Jesus!
2 - Clarissa Garotinho – O Tite dos candidatos. Uma verdadeira “encantadora de serpentes” quando mira a câmera e se dirige ao público. Sua forma de se comunicar me inspirou um neologismo. Eu diria que alguém que apresente oratória e retóricas impecáveis, tem “Clarissabilidade”. Mas isso não basta. A verdade é que poucos conhecem ou avaliam o seu trabalho de forma justa e isenta de comparações com os seus pais Anthony e Rosinha Garotinho. Clarissa sempre foi uma deputada atuante no Rio de Janeiro. Costumava fazer inspeções surpresas nos colégios do estado, verificando as condições das instalações, observando as necessidades dos estudantes e ouvindo as suas reivindicações. Usou o debate para apresentar suas propostas, deu uma machucada no seu ex aliado Crivella, levou o troco, sentiu o golpe, usou o machismo como muleta em dado momento, mas no geral foi bem.
3 – Eduardo Paes – O mais carioca entre os candidatos no quesito malandragem, o portelense limitou-se a fazer o básico “feijão com arroz” no debate. Inegavelmente, ele entende do riscado, tem experiência administrativa e carrega o cânone da política da cidade debaixo do braço. Porém, sempre foi um rei do “migué” administrativo e foi colocado nas cordas com perguntas sobre as obras faraônicas realizadas por sua gestão. Suas explicações não convenceram, mas soube manter o equilíbrio diante da própria inconsistência e evitou ataques mais diretos aos seus opositores. O problema é, como eleger alguém que é um dos responsáveis diretos pela situação caótica em que a cidade se encontra? Ah! E ainda é “parça” do presidiário Sérgio Cabral. É pedir pra sofrer mais um pouco, né não?
4 – Glória Heloíza – Apesar da pinta de socialite emergente que vai aos cultos da “Renascer” usando o “perfume de Jesus” da Bispa Sônia Hernandez, a candidata do PSC tentou emplacar na apresentação dizendo que é filha de pedreiro que viveu na pobreza, sempre estudou em colégio público e lutou muito para chegar onde chegou. Tá bom! Tentou fazer uma tabelinha com Luiz Lima do PSL, mas a jogada não deu em gol. O velho blá, blá, blá de como a cidade é linda, maravilhosa, cartão postal do mundo, paraíso turístico do universo e o escambau do Copacabana Palace. Não cola! O povo já está cansado de ouvir falar nas belezas naturais do Rio de Janeiro e só desfrutar do horror que a cidade tem lhes oferecido nas últimas décadas. No mais, é cria de outro presidiário, o Pastor Everaldo, e tem pinta de chacrete do clube do Witzel. Deus nos defenda!
5 – Luiz Lima – Apesar de ser campeão de natação, parece não ter avaliado bem a piscina que estava mergulhando e acabou morrendo afogado na água com açúcar do seu mindset futuristicamente ultrapassado, que sugere a volta de Educação Moral e Cívica nas escolas. Com a voz mansa do lobo mau tentando convencer a chapeuzinho vermelho de que ele é a vovozinha, veio com uma conversa mole de que o eleitor carioca não quer mais saber de briga entre os candidatos na televisão. No entanto, cutucou a moral de Crivella com garras curtas, o questionando sobre a história dos “Guardiões”. Tem cara de quem chora durante o hino nacional fingindo emoção e se despede do atendente do guichê com um “Deus acima de tudo”, quando passa pelo pedágio da linha amarela. É morrer na praia com um salva vidas te observando. Dá não!
6 – Martha Rocha – Ex Delegada de Polícia, a candidata até me pareceu bem intencionada. Mas desses o inferno está cheio. O seu estilo didático de se dirigir ao público ao expor suas ideias, lembra uma professora de matemática do ensino fundamental. Isso pode trazer à memória afetiva dos eleitores repetentes na matéria, a lembrança da tia malvada que os reprovou na 5ª B. Vai perder voto por isso. Relembrando os seus tempos de agente da Civil, deu uma dura no ex-prefeito Eduardo Paes, no estilo “cadê o dinheiro que tu desviou da prefeitura superfaturando as obras?”, com direito a chama-lo de “malandro” e mentiroso. Pareceu não estar muito familiarizada com algumas informações que tentou passar, mas não fez feio não. TKS!
7 – Eduardo Bandeira De Mello – Ao vê-lo na tela, logo me veio a lembrança de um Flamengo que sempre dava mole na reta final, apesar de pagar os jogadores em dia. Jorge Jesus tem poder! Páreo duro para Marcelo Crivella no quesito empolgação, Bandeira fez a “Marina Silva” no debate. A diferença é que ele deve almoçar e jantar. Falou da sua carreira como executivo do BNDES e sobre a sua experiência em gestão, mas foi superficial na apresentação de propostas. Em suas considerações finais, fiquei esperando ele dizer que o Zé Ricardo seria o seu secretário de esportes. Ainda bem que isso não aconteceu. Em suma, não disse ao que veio.
8 – Renata Souza – Grata surpresa entre os candidatos. Tanto como opção, quanto pela clareza das ideias propostas. Gostei do “A cabeça pensa onde os pés pisam”, que ela cunhou no início de sua apresentação. Cria da favela da Maré, a atual Deputada Estadual desponta como a nova “Marielle” do PSOL. Aliás, apostar nesse perfil tem sido uma característica do partido de Marcelo Freixo. Renata chamou Crivella pro pau, ficou um pouco perdida no meio do embate direto com ele – Também quem não ficaria perdido diante de uma múmia – questionou as gestões passadas de Eduardo Paes, lembrou da sua ligação com Sérgio Cabral e demonstrou certa firmeza no discurso. Mostrou-se uma candidata viável, mas não tem força para disputar o título. No máximo briga por vaga na “Sul-Americana”.
9 - Fred Luz – Um Bandeira de Mello com um pouco mais de empolgação. Mas só um pouquinho. Ideias, retórica e mesmices parecidas. Não justifica o nome da sigla pela qual concorre. Não tem nada de novo no seu discurso. Tentou demonstrar uma preocupação com a desigualdade social e com os mais pobres, que não é compatível com a ideologia de seu partido. O NOVO era contra o auxílio emergencial durante a pandemia. Um de seus representantes na câmara, curiosamente um Deputado Federal eleito pelo Rio de Janeiro, chegou a chamar de “privilégio” o benefício concedido aos artistas e aos trabalhadores da cultura. Então, não mete esse Fred! Sem falar que a cor do partido é laranja. Melhor apagar essa luz aí!
10 – Paulo Messina – Cara de gerente do Santander que não dá atenção para cliente que tem menos de 100 mil na conta, o candidato do MDB me pareceu um protótipo de Michel Temer sem mesóclises e num dialeto carioquês. Família e Deus no discurso, é sempre um binômio perigoso e de difícil resolução quando chega ao poder. Já liguei o alerta. Repetiu a ladainha de que não tem rabo preso com ninguém e que o seu compromisso é com o povo e com Deus. De novo. Quando essa gente vai entender que Deus não faz coligação partidária? Também ensaiou uma tabelinha com Luiz Lima do PSL ao falar sobre educação, mas não convenceu. Papo cansativo, enfadonho, chato...Vou ver se tá rolando algum barraco em “A Fazenda” e já voltou. Esquece!
11 – Benedita da Silva – Mesmo não tendo o approach do político padrão, Benedita tem uma longa história de caminhada social e política. Experiência que lhe permite entender melhor do que todos os outros candidatos, as necessidades da população. Foi vereadora, deputada estadual e federal, senadora, ministra de estado e a única governadora do estado nos últimos 30 anos, que não se hospedou numa cela de cadeia. Já mereceria o meu voto só por esse detalhe. Benedita não se limitou debater ideias, ela apresentou propostas e meios de viabilizá-las. Falou sobre educação, saúde, segurança e mobilidade urbana com conhecimento de causa. Mesmo sendo evangélica, Benedita deixou claro que o estado é laico e ainda questionou o bispo Crivella sobre o seu governo voltado para os adeptos da sua religião. Hoje, ao meu ver, ele é a candidata ideal para uma mudança de rumo na cidade. Resta saber o que os meus concidadãos cariocas pensam a respeito.
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