Bené, a vacina contra o ódio
Diante das ameaças existenciais representadas pelo fascismo e pela pandemia, o voto pode ser uma afirmação democrática histórica e uma vacina contra o ódio. Por isso, Bené na veia
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Na eleição do Rio, decidi votar em mulheres negras, porque é o mínimo que posso fazer para valorizar a luta feminista antirracista, que hoje se confunde com a luta por democracia. Sou homem branco de classe média, duplamente privilegiado, portanto. Não se trata de culpa pequeno-burguesa, mas do mero reconhecimento da realidade em que vivo e da vontade de ser coerente.
Dei minha modesta contribuição à resistência contra a ditadura e, depois de 1988, procurei fazer o que podia para bloquear o genocídio de jovens negros e de jovens pobres pelo braço armado do Estado, articulado a dinâmicas fratricidas alimentadas pelo capitalismo selvagem que degrada a vida social.
Hoje, temos duas candidatas negras à prefeitura que merecem minha admiração, Benedita da Silva e Renata Souza, ambas com vices notáveis: a incansável enfermeira Rejane e meu querido amigo Ibis Pereira. Infelizmente, a política partidária as separou. Como não posso votar nas duas, escolho Bené, aquela que há mais tempo está no front, com a bravura de sempre, e que tem mais chances de agregar e disputar com o bolsonarismo e os diversos tons da ambivalência.
Nunca vou esquecer o impacto que foi ouvi-la pela primeira vez, em 1982. Aquela emoção é a mesma que sinto hoje quando a ouço. Bené não mudou, jamais se vendeu, nunca se iludiu com os cantos de sereia do poder e do dinheiro. Bené não mudou, nem o Rio, apesar de tudo o que ela e tanta gente tentou fazer.
Benedita está na estrada há quarenta anos, falando de racismo e desigualdade, confrontando o machismo e todo tipo de preconceito, sem jamais perder a ternura e a disposição generosa ao diálogo. Diante das ameaças existenciais representadas pelo fascismo e pela pandemia, o voto pode ser uma afirmação democrática histórica e uma vacina contra o ódio. Por isso, Bené na veia.
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