"Bença?" e "Vai com Deus!" – A importância da religiosidade na cultura brasileira

(Foto: Reuters/Jason Cohn)


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Falando sobre tradições da nossa cultura, pedir “Bença?” e desejar “Vai com Deus!”, estas são duas das que ainda não se perderam totalmente no Brasil. O que é muito bom, pois as perdas das tradições, da cultura, descaracterizam um povo. E como podemos constatar ao logo da história, estados imperialistas sempre impuseram sua cultura sobre os povos dominados, sobre os povos colonizados e por que não dizer sobre os povos escravizados.

A destruição da cultura de um povo é uma estratégia de dominação usada comumente em guerras coloniais. Podemos ver isso claramente na atuação do Império Romano, o qual trocava o nome dos deuses dos povos que dominava, os rebatizando com os nomes dos deuses adorados pelos romanos. Sem falar que quem não era romano era considerado bárbaro por este império. Nada diferente do que hoje é feito pelo Império Estadunidense, o qual impõe a sua cultura pela atuação da máquina de propaganda que conhecemos como Hollywood. Os bárbaros dos novos tempos são aqueles que são estigmatizados pelos EUA por não seguir a sua forma de pensar política e economicamente. Assim, eles vendem através da propaganda hollywoodiana um “modo de vida americano”, uma suposta vida perfeita e repleta de bem-estar social, como se isto realmente existisse no país que teve o maior número de mortos por Covid-19 na trágica pandemia do início deste século. Lembrando que aqui no Brasil nós comemoramos o Halloween, mas lá, os estadunidenses não festejam o Bumba meu Boi. É sobre esta imposição cultural que estou tratando aqui.

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Pedir “Bença?” aos pais, aos avós, aos padrinhos, aos parentes mais velhos, sempre recebendo como resposta “Deus te abençoe!”, assim eu e muitos de nós fomos criados. E isso vai além da tradição das igrejas monoteístas do país. Pois quando você pede “Bença?” e recebe um “Deus te abençoe!”, você recebe a proteção daquele (a) que você tem como sagrado para ti. Então esta tradição está mais para o ecumenismo do que para um monoteísmo judaico-cristão-muçulmano. Ainda mais em nosso país, onde a liberdade religiosa faz parte da laicidade da constituição federal, o que nos permite ser tão ecumênicos quanto acharmos necessário.

Da mesma forma, o desejar “Vai com Deus!” pode soar aos nossos ouvidos como: “Vai com Oxalá!” (do Candomblé), ou “Vai com Maria Mulambo!” (da Umbanda), ou “Vai com Dona Mariana!” (do Tambor de Mina), ou “Vai com Jesus! (dos Cristãos)”, somente para exemplificar três de infinitas possibilidades de interpretações que podemos dar a esse desejo.

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O pedir “Bença?”, o desejar “Deus te abençoe!” e o desejar “Vai com Deus!”, se referem ao sagrado daquele que fala, e a um sagrado distinto para aquele que escuta. Mas a intenção é sempre a mesma. A conexão do humano com o sagrado. Ambos, o que fala e o que escuta (ou o que pede e o que deseja) estão se conectando ao que entendem ser o seu sagrado. Divindade, sagrado, santidade, são frutos da interiorização de cada um. Que cada um se interiorize, encontre e se conecte por si só com o seu ser divino, com o seu ser sagrado, caso contrário vira fundamentalismo religioso, desrespeito e nunca acaba bem.

É com o fundamentalismo religioso que podem começar muitas das desgraças de uma civilização. Muitas das discriminações provindas de ideologias que se provaram nefastas a vida humana foram através do fundamentalismo religioso ratificadas, amplificadas e implementadas. Como exemplo podemos citar as pesquisas de historiadores que apontam o envolvimento do Papa Pio XI com o Fascismo de Benito Mussolini e da ligação do Papa Pio XII com o Nazismo de Adolf Hitler. Mas sobre isso a maioria prefere não dar um “Pio” se quer. Vejo como sendo necessário relembrar estes fatos obscuros da história da humanidade. É sempre útil e didático sabermos o quão maléfico pode ser o envolvimento da religião com estados totalitários. Assim evitamos cometer novamente esses grandes e graves erros do passado, os quais provocaram tantas atrocidades na humanidade.

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Já que estamos na época onde se aproximam as celebrações natalinas, e para os povos pagãos onde se festeja a chegada do Sol Invictus, então o que posso lhes desejar é que a sua conexão com o seu sagrado continue a ser feita da forma que melhor te convier, de acordo com as suas crenças, com a sua fé, com a sua religiosidade, com as suas tradições culturais e com a sua consciência.

E não permita que ninguém te diga o que é e o que não é sagrado. Encontre-o por si só. Pois somente você pode se lançar nesta busca interna que muitos preferem também chamar de espiritual.

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No mais só posso te desejar:

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Feliz Natal, caso tu sejas Cristão.

Feliz Celebração do Sol Invictus, caso tu sejas Pagão!

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E que “Deus te abençoe!”

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E que você “Vá com Deus!”

Seja lá o que isso possa significar para você. E para mim.

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