Basta de intermediários: Huck candidato a presidente

"Caso se enfrentem Lula e Huck, será o grande tira teima. De um lado o líder de maior popularidade na história do Brasil, de outro o representante do maior monopólio midiático que o pais já conheceu", escreve Emir Sader; "A direita abandonaria de vez sua representação através de partidos, no desespero, para tentar jogar a última cartada, com um funcionário seu. Ou se apropria completamente do poder ou corre o risco de a derrota condená-la à morte", completa o colunista

"Caso se enfrentem Lula e Huck, será o grande tira teima. De um lado o líder de maior popularidade na história do Brasil, de outro o representante do maior monopólio midiático que o pais já conheceu", escreve Emir Sader; "A direita abandonaria de vez sua representação através de partidos, no desespero, para tentar jogar a última cartada, com um funcionário seu. Ou se apropria completamente do poder ou corre o risco de a derrota condená-la à morte", completa o colunista
"Caso se enfrentem Lula e Huck, será o grande tira teima. De um lado o líder de maior popularidade na história do Brasil, de outro o representante do maior monopólio midiático que o pais já conheceu", escreve Emir Sader; "A direita abandonaria de vez sua representação através de partidos, no desespero, para tentar jogar a última cartada, com um funcionário seu. Ou se apropria completamente do poder ou corre o risco de a derrota condená-la à morte", completa o colunista (Foto: Emir Sader)


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A direita não tem partidos. Ela usa, alternadamente, vários partidos, conforme suas necessidades de cada momento.

No Brasil, ela foi udenista, porque era o refúgio para colocar em prática seu antigetulismo. Perdia sempre. Até que embarcou na aventura do Jânio Quadros. Deu no que deu. Aí a direita abandonou os partidos e foi bater na porta dos quarteis, apelando ao partido militar, para dar o golpe e governar com ditadura.

No fim da ditadura, a direita foi se distanciando de fininho do partido da ditadura, que havia embarcado na canoa furada do Maluf, para participar do pacto de conciliação do Colégio Eleitoral, com a aliança PMDB-PFL. Um pacto que desembocou no governo Sarney, em que a direita se representava, até que pulou para uma nova a aventura – a do Collor, que deu no que deu.

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Com FHC e a aliança PSDB-PFL a direita encontrou o novo bloco de partidos que passou a representá-la, no marco do programa neoliberal. Foi assim durante os dois governos do FHC e continuou sendo durante os governos do PT, quando voltou sistematicamente ao perder, até que apelou para o atalho do golpe, abandonando os partidos em que se representava.

Desde a derrota de 2014, a direita constituiu um outro bloco político para levar a cabo o golpe e colocar em prática o regime de exceção. É um bloco composto pelo monopólio privado da mídia, que dá condução política e difunde as atividades do bloco; o Judiciário, que monta as armadilhas para a existência do governo do golpe e a inviabilização da oposição política; o Congresso, que aprova o pacote de medidas antipopulares e antidemocráticas do governo.

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Em um regime de exceção, os partidos de direita também perdem espaço. Porque eles dependem de algum tipo de apoio popular, para disputar eleições contra a esquerda. O que os partidos tradicionais não conseguem, sejam porque estão completamente desmoralizados pelo governo antipopular que apoiam e pelo envolvimento dos seus principais dirigentes com a corrupção.

Daí que a busca de candidatos "de fora" da política tradicional se torne objetivo fundamental da direita, cada vez menos segura de que possa excluir Lula da disputa e cada vez mais segura de que os candidatos que se apresentam até agora – de Bolsonaro a Alckmin – seriam derrotados facilmente pelo ex-presidente.

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A direita passou por uma fase de renegar os partidos em função de empresários privados de sucesso. Berlusconi foi o que foi mais longe, antes de fracassar. Piñera é a versão latino-americana, que não deu certo na primeira tentativa, tenta de novo agora.

No Brasil, a tentativa de encontrar um outsider da política recai sobre Luciano Huck, exatamente o tipo de adversário que Lula reitera que prefere, com a estrela da Globo na testa.

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A tentativa é a de projetar o poder real no plano do governo, abandonando os intermediários, entre eles os partidos políticos tradicionais. Em 1964, antes do golpe, nós gritávamos e pintávamos paredes: "Basta de intermediários, Lincoln Gordon presidente", referindo-nos ao embaixador dos EUA.

Agora, caso se confirme a candidatura de Huck, a Globo vai jogar tudo para medir sua influência política real. Que influência real a Globo tem sobre os brasileiros? A audiência que tem se traduz em influência política?

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Caso se enfrentem Lula e Huck, será o grande tira teima. De um lado o líder de maior popularidade na história do Brasil, de outro o representante do maior monopólio midiático que o pais já conheceu.

Da parte do campo popular estaria quem melhor representa o povo brasileiro. Do lado da direita, um representante legítimo do maior monopólio dos meios de comunicação. Nos dois casos, sem intermediação.

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A direita abandonaria de vez sua representação através de partidos, no desespero, para tentar jogar a última cartada, com um funcionário seu. Ou se apropria completamente do poder ou corre o risco de a derrota condená-la à morte.

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