Bagdá sobre o Potomac: bem-vindos à Zona Azul

O Sul Global inteiro - aí incluída a Zona Verde de Bagdá - está se esbaldando com o maior espetáculo da terra. Eles vendem bananas na Zona Azul?



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Por Pepe Escobar, para o The Saker

Tradução de Patricia Zimbres, para o 247

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A estreia da temporada do Show Mudança de Regime Joe e Kammy não poderia ter uma casa de espelhos mais apropriada para refletir a auto-denominada "elite política" dos Estados Unidos.

No decorrer dos anos 2000, me vi diversas vezes cara-a-cara com a Zona Verde de Bagdá. Eu sempre me hospedava e trabalhava na hipervolátil Zona Vermelha - como vocês podem ver em meu livro de 2007, Red Zone Blues.

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Sabíamos então que consequências desastrosas seriam inevitáveis.

No entanto, jamais poderíamos ter imaginado um simulacro tão vívido: a Zona Verde replicada na íntegra no coração do DC imperial - com tapumes, arame farpado, inúmeros pontos de checagem, guardas fortemente armados e tudo o mais.

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A situação é ainda mais significativa por marcar o fim de todo um ciclo geopolítico de "Nova Ordem Mundial": há trinta anos, o Império começou a bombardear - também com bombas de fragmentação - o Iraque. A Tempestade no Deserto foi lançada em17 de janeiro de 1991.

A Zona Azul é agora "protegida" por uma gigantesca tropa de 26.000 homens - muito maior que a soma das tropas enviadas ao Afeganistão e ao Iraque. As Guerras Eternas  - que podem ser revividas em meus arquivos - agora fizeram um giro de 360 graus.

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Da mesma forma que um iraquiano comum não tinha permissão para entrar na Zona Verde, um americano comum não tem permissão para entrar na Zona Azul.

Da mesma forma que na Zona Verde, os ocupantes da Zona Azul não representam ninguém que não eles mesmos.

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E da mesma forma que na Zona Verde, os ocupantes da Zona Azul são vistos como uma força de ocupação pela população da Zona Vermelha.

Apenas a sátira é capaz de fazer justiça poética ao que, de fato, é a posse Potemkin de um holograma. Então, sejam bem-vindos ao presidente mais popular da história que tomou posse em segredo, temeroso de sua própria Guarda Pretoriana. O Sul Global já assistiu a esse sinistro espetáculo - em intermináveis reprises. Mas nunca em um em um filme de Hollywood passado em casa mesmo.

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Se ninguém souber ao certo, culpem a China.

Enquanto isso, encurralada na Zona Azul, a Casa Branca vem se ocupando em compilar uma interminável lista de realizações.

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As multidões enlouquecerão ao reviver a chocante lista de desastres de política externa, cortesia do Psicopata Americano Mike Pompeo, desmentindo a narrativa oficial em parte ou na íntegra, e chegando mesmo a concordar com uma ou outra "realização".

No entanto, muita atenção deve ser dada a uma questão-chave: "A Colossal Reconstrução das Forças Armadas". 

É isso que vai desempenhar o papel principal depois de 20 de janeiro - como o General Flynn não se cansou de provar para os militares, em todos os níveis - o quão  "comprometido" é o novo Holograma-em Chefe.

Então há também o interminável drama de 3 de novembro. A culpa deve ser devidamente repartida. Impeachment, caça às bruxas digital, prisão de "terroristas internos", só isso não basta. Tem que haver também a "intervenção externa".

Entra em cena o Diretor da Inteligência Nacional (DNI), John Rattcliffe, afirmando descaradamente que a República da China tentou influenciar as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos".

Rattcliffe se referia a um relatório enviado ao Congresso em 7 de janeiro pelo Chefe da Divisão de Soluções, o ombudsman analítico Barry Zulauf, juntamente com uma análise dessa "interferência estrangeira".

Uma pergunta legítima seria por que eles demoraram tanto para concluir esse relatório. E fica ainda mais doido: toda a inteligência que embasou o relatório sobre interferência externa foi fornecido por ninguém menos que autoridades da CIA.

O ombudsman afirma que os grupos de analistas que trabalharam com a interferência russa e a chinesa usaram padrões diferentes. A Rússia, é claro, era culpada desde o início: um imperativo categórico. A China tinha o benefício da dúvida.

Rattcliffe chega a afirmar que alguns analistas se recusaram a culpar a China de interferência nas eleições por serem - o que mais poderia ser? - Never Trumpers.

Então, Langley, nós temos um problema. Pompeo "Nós Mentimos, Nós Trapaceamos, Nós roubamos" Minimus é da CIA. Ele descreve o Partido Comunista Chinês como o maior mal de toda a história da humanidade. Como seria possível ele não influenciar seus minions para que eles produzissem, por quaisquer meios que fossem necessários, algum caso de interferência chinesa nas eleições?

Ao mesmo tempo, para a facção democrata do Deep State, a Rússia é perenemente culpada de... qualquer coisa.

Essa cisão que divide a sala cheia de espelhos do Deep State reverbera deliciosamente o cisma Zona Azul/Zona Vermelha.

É desnecessário acrescentar que tanto no relatório do ombudsman quanto na carta de Ratcliffe, não há a menor prova consistente de interferência chinesa.

Quanto à Rússia, além da interferência na eleição - aqui também sem qualquer prova - O Deep State Demência Democrata ainda está fazendo todo o possível para culpar Moscou também pelo 6 de janeiro. A última mutreta centra-se numa garota do MAGA que talvez tenha roubado o laptop de Pelosi de seu gabinete no Capitólio para vendê-lo à SVR, a inteligência exterior russa.

O Sul Global inteiro - aí incluída a Zona Verde de Bagdá - está se esbaldando com o maior espetáculo da terra. Eles vendem bananas na Zona Azul?

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