Baependi, Moscou
As trabalhadoras de Baependi eram mais honestas que as marafonas do Projac, que juravam que maltrapilhos 20 mil sicários subordinariam a maior potência nuclear
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Em 1981 dirigia a comunicação de nossa maior empresa sucroalcooleira. Tinha vinte anos e a proteção dos usineiros Clóvis de Azevedo e Jorge Volney Atalla, ambos de saudosa memória. Em viagem à usina do grupo no Sul de Minas, fui conhecer Baependi.
Lá estão as raízes dos Nogueira: Nogueira do Ó, Nogueira da Gama, Araújo Nogueira, Vale Nogueira e Nogueira do Vale. Saíram de Gouveia, linda aldeia na Serra da Estrela, onde se fabricam dos melhores queijos do mundo e a neve faz do inverno rigorosíssimo.
Descobri - republicano radical - que do Marquês de Baependi descendemos. Era o excepcional Manuel Jacinto Nogueira da Gama. Ministro da Fazenda em quatro gabinetes, homem de confiança do grande Pedro II, formado pela Universidade de Coimbra com doutorado em matemática e filosofia. Deputado da assembleia constituinte, signatário da Constituição, senador por Minas Gerais, presidente da província do Rio de Janeiro e presidente do Senado, além de marechal-de-campo. Casou-se com a filha da baronesa de Campos de Goitacazes. Seus filhos foram o Conde de Baependi, o Barão de Juparanã e o Barão de Santa Mônica, genro do Duque de Caxias. Sua neta, Francisca Jacinta, casou-se com o Conde de Carapebus. Dele descende grande brasileiro, o historiador baiano Pedro Calmon.
Vaidosíssimo ao conhecer minhas raízes, em festivo bar fui tomar um drink e comemorar a inútil nobreza. Era o puteiro da pequena Baependi. Putas eram-me novidade. Duas moças sentaram-se com o rapaz de cabelos escrupulosamente penteados com muito gel, bem cortado blazer azul-marinho, óculos italianos e seu inefável mocassim argentino. Um janotazinho, enfim. Tratei-as com imenso respeito, expliquei-lhes a expedição. Não entenderam bulhufas, mas chegaram ao ponto de dizer que “então, você é o Rei de Baependi, né, querido?!”
Recordei-me da epopéia genealógica, sacando-a das brumas da memória ao ver os contorcionismos das meninas da Globonews jurando que maltrapilhos 20 mil sicários, sob o comando de um bandido, poderiam colocar de joelhos a maior potência nuclear e o histórico exército que derrotou Napoleão e Hitler. As trabalhadoras de Baependi, vendendo alegria, eram mais honestas que as marafonas do Projac.
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