Bacurau: uma profecia do presente

O filme é mais do que realista, é um filme que retrata a realidade brasileira muito melhor e de maneira muito mais profunda do que a quase totalidade da chamada vanguarda da esquerda tem feito.



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O filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles estreou semana passada, dia 29 de agosto, e já é um sucesso de bilheteria. Merecido, pois é o filme mais necessário de se ver das últimas décadas. Mas muitos se enganam ao chamar o filme de distopia. O filme é mais do que realista, é um filme que retrata a realidade brasileira muito melhor e de maneira muito mais profunda do que a quase totalidade da chamada vanguarda da esquerda tem feito. 


Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. 

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O ataque começa contra os moradores de uma fazenda. Um carro-pipa que abastece a região é alvejado e muita água é desperdiçada, enquanto a pequenina cidade sofre da falta de água. Crianças são assinadas por mercenários norte-americanos. A energia da cidade é derrubada, o sinal de wi-fi é cortado. Na tentativa de fugir da cidade, dois moradores são mortos. As estradas estão cortadas. A cidade está sob ocupação militar.


O roteiro não poderia ser mais propício. As terras do Brasil estão sendo adquiridas por estrangeiros há décadas, e desde a crise de 2008 com a chamada Corrida Mundial por Terras anunciada pelo Banco Mundial esse processo tem se intensificado. O governo Temer flexibilizou e abriu de vez a aquisição das terras brasileiras para o capital financeiro mundial. Desde antes das eleições, e de modo ainda mais explícito, Bolsonaro tem repetido que a Amazônia não é mais nossa.

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O capital financeiro, os monopólios estrangeiros estão adquirindo terras estratégicas por todo o território nacional e submetendo as terras em volta através de arrendamentos. E após o escândalo das queimadas da floresta amazônica, o G7 se reuniu para discutir abertamente a transformação de quase metade do território brasileiro em zona internacional.


Enquanto isso, a CIA domina o judiciário, o exército, as polícias. O Brasil está sendo ocupado militarmente e a qualquer momento isso se tornará aberto e claro. Mas quem olhar de perto já percebeu a invasão que o país está sofrendo. Afinal, controlar o território de um país é controla-lo militarmente.

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Assassinatos de lideranças camponesas, ataques contra os indígenas, aumentam a cada dia. Estão nos comendo pelas beiradas, e com a ajuda do exército, judiciário, das polícias, os centros urbanos, estão sendo cercados. As universidades estão sendo controladas por agentes da ABIN. Tudo está sendo preparado para que o capital financeiro tome definitivamente o controle do país.

Mas o filme mostra a saída. Mostra que os moradores retiram as armas do museu do cangaço e se organizam militarmente contra a ocupação estrangeira. E através de uma insurreição popular garantem a sua sobrevivência. É uma verdadeira profecia do momento atual. E precisa ser visto como tal. É preciso ser visto como um chamado aos brasileiros a resistir, a defender seu povo e suas terras. E que belo e empolgante chamado, pois quando o povo se arma, quando o povo se organiza a vitória é mais do que possível, é inevitável.

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A luta contra a internacionalização das terras e o controle da amazônia pelos países imperialistas levará necessariamente que os trabalhadores se apossem das terras, não em lotes isolados, pois desta forma não é possível fazer frente à internacionalização e o controle de suas terras pelos bancos, mas à nacionalização das terras sob controle dos trabalhadores.
A esquerda precisa entender isso e começar desde já uma campanha pela nacionalização das terras. Reforma agrária não impede a internacionalização, apenas uma revolução agrária pode fazê-lo.


Da mesma maneira, a luta pela defesa do território contra os imperialistas passa pela nacionalização do sistema financeiro e dos bancos.

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Desta forma, a luta contra o fascismo, contra a contra-revolução, a luta contra a invasão imperialista levará necessariamente à revolução. A luta pela defesa da amazônia só é possível e efetiva com um governo operário e camponês!

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