Apoie o Brasil 247
continua após o anúncio

Avenida Itaorna

Guardadas as devidas ressalvas mencionadas, sobre os compartimentos geológicos e as zonas sismogênicas distintas, para as regiões do Recôncavo Baiano, Vale do Paraíba, Litoral Norte e acrescentando nesse cenário, a Praia de Itaorna em Angra dos Reis (RJ), poderíamos pensar, de maneira bem simplificada, que todas essas regiões estariam assentadas numa grande avenida, com alinhamentos de falhas geológicas de direção nordeste

continua após o anúncio


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Nessa última semana de agosto de 2020 a TV aberta mostrou as imagens de tremores de terra na região do Recôncavo Baiano, que atingiram até 4,6 na Escala Richter. As imagens da mercadoria caindo das prateleiras de um supermercado nessa área dos abalos sísmicos chegaram a assustar. Na cidade de São Miguel das Matas as casas atingidas pelos tremores apresentaram várias rachaduras. 

As falhas geológicas quando reativadas são as principais responsáveis pelos terremotos.

continua após o anúncio

Apesar do Vale do Paraíba e do Litoral Norte do Estado de São Paulo estarem cerca de 2.000 km de distancia dessa região, existe um fator em comum entre elas que é a direção nordeste na qual se encontram alinhadas as falhas geológicas, mesmo que representem compartimentos geológicos e zonas sismogênicas distintas.         

Parte desse feixe de falhas geológicas alinhado na direção nordeste pode ser visto no recorte do mapa hidrogeoquímico apresentado acima, elaborado para minha tese de doutorado de 1993.

continua após o anúncio

Na época desse estudo, numa tentativa de se explicar possíveis anomalias hidrogeoquímicas existentes nas águas subterrâneas do Sistema Aquífero Taubaté, alojado no Vale do Paraíba, o trabalho de HASUI et al. (1982) chamou bastante a atenção, sendo aqui extraído e reproduzido um trecho.

Segundo esse trabalho “em estudo da geologia, tectônica, geomorfologia e sismologia regionais de interesse às usinas nucleares da Praia de Itaorna (RJ) as condições tectônicas atuais parecem ser residuais, com discreta acomodação dos blocos intensamente movimentados no Terciário. Essa acomodação, a se julgar pelos dados geomorfológicos e sísmicos, não é generalizada mas se concentra em área de maior incidência, caracterizando várias zonas sismogênicas. Essas zonas de instabilidade tectônica e sismogênica têm sido consideradas como províncias sismo-tectônicas. 

continua após o anúncio

[...] A zona sismogênica de Cunha é que apresenta maior número de epicentros. É também a que, por seu relevo, denota ter sofrido maior movimentação tectônica durante o Terciário.”

Guardadas as devidas ressalvas mencionadas, sobre os compartimentos geológicos e as zonas sismogênicas distintas, para as regiões do Recôncavo Baiano, Vale do Paraíba, Litoral Norte e acrescentando nesse cenário, a Praia de Itaorna em Angra dos Reis (RJ), poderíamos pensar, de maneira bem simplificada, que todas essas regiões estariam assentadas numa grande avenida, com alinhamentos de falhas geológicas de direção nordeste.   

continua após o anúncio

Nos anos 70 e 80 do século passado, a pergunta que se fazia era se o governo militar instalado pelo golpe de 1964 estava preocupado com estudos geológicos desse tipo, que alertavam para as zonas sismogênicas, uma vez que na Praia de Itaorna foram construídas, ao longo dos anos, as usinas nucleares de Angra 1, 2 e 3.

Para o atual governo militar, instalado pelo golpe eleitoral de 2018, que guarda muita semelhança com o anterior e despreza os dados científicos, nunca é demais lembrar que Itaorna na língua guarani significa "pedra podre" ou "pedra mole".
“Se as pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade, vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos.” (Ailton Krenak).

continua após o anúncio

Referência bibliográfica

HASUI, Y.; ALMEIDA, F. F. M. de ; MIOTO, J. A.; MELO, M. S. de. 1982. Geologia, tectônica, geomorfologia e sismologia regionais de interesse às usinas nucleares da Praia de Itaorna. Monografia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT/Publicação IPT nº 225. São Paulo, SP. 149 p., 4 anexos.  

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247