Avança preparação da Cúpula do Brics de 2023 na África do Sul
Cooperação, desenvolvimento compartilhado e expansão do grupo com o ingresso de novos países são temas em destaque
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247, por José Reinaldo Carvalho - A cúpula deste ano será realizada entre os dias 22 e 24 de agosto na África do Sul, sob o tema: “Brics e África: Parceria para o Crescimento Mutuamente Acelerado, o Desenvolvimento Sustentável e o Multilateralismo Inclusivo”.segundo o ministro.
O Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A presidência do BRICS passou da China para a África do Sul em 1º de janeiro de 2023, que recentemente, em 1 w 2 de junho, em reunião preparatória de chanceleres, reafirmaram o seu compromisso de fortalecer a estrutura de cooperação do Brics sob os três pilares da cooperação política e de segurança, econômica e financeira, e cultural e interpessoal, defendendo o espírito do Brics com respeito e compreensão mútuos, igualdade, solidariedade, abertura, inclusão e consenso.
Os países membros reiteraram o compromisso de fortalecer o multilateralismo e defender o direito internacional, inclusive os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU), como sua pedra angular indispensável, e o papel central da ONU em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e a proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de solidariedade, respeito mútuo, justiça e igualdade. É crescente a preocupação com o uso de medidas coercitivas unilaterais, que são incompatíveis com os princípios da Carta da ONU e produzem efeitos negativos, notadamente no mundo em desenvolvimento. Reiteraram seu compromisso de aprimorar e melhorar a governança global, promovendo um sistema internacional e multilateral mais ágil, eficaz, eficiente, representativo e responsável.
Os países do Brics são representantes do Sul Global. No contexto atual e tomando em consideração que a Cúpula deste ano será sediada na África do Sul, é natural que as atenções se voltem para a parceria entre o Brics e a África. o.
A Cúpula da África do Sul poderá ainda dedicar esforços à reestruturação da arquitetura política, econômica e financeira global para que ela se torne mais equilibrada e inclusiva.
O Brics são cada vez mais relevantes no mundo, em um momento em que é importante a cooperação e do desenvolvimento compartilhado, em contraste com os apetites expansionistas e as ações exclusivistas e unilaterais de potências ocidentais lideradas pelos Estados Unidos. Em meio a novos desafios, a busca do desenvolvimento é a tarefa prioritária dos países emergentes. Por isso, o desenvolvimento é um tema sempre presente nos debates no âmbito do Brics.
No contexto em que um dos principais entraves ao desenvolvimento dos países do Sul Global são os apetites hegemonistas dos Estados Unidos e o uso do dólar como instrumento de pressão, é natural que uma das preocupações fundamentais dos países do Brics neste momento seja reduzir ou até mesmo se livrar gradualmente da dependência do dólar, por meio da introdução de uma moeda comum. Os Estados-membros do Brics foram informados sobre o uso potencial de moedas alternativas para proteger o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do grupo do impacto das sanções. Esta questão foi uma das principais na reunião da Cidade do Cabo.
Está em pauta também a expansão do grupo, com a admissão de novos integrantes.
Um dos aspectos demonstrativos do aumento da importância do Brics e de seu papel como plataforma para o desenvolvimento do Sul Global é a vontade manifesta por 19 países de ingressar no grupo, entre estes Venezuela, Argentina, Irã, Argélia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, revelando que o Brics é um mecanismo aberto e inclusivo, opinião que é compartilhada por todos os seus integrantes. Isto já se reflete na atividade do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como "banco dos Brics", que vem se expandindo continuamente, com a adesão de Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai. A Arábia Saudita também está em negociações para ingressar no NDB.
Outros tópicos importantes também incluem o conflito Rússia-Ucrânia. Como uma força importante que busca salvaguardar a paz e a segurança mundiais, foi inevitável que os países do Brics discutissem o tema, na busca de resolver o conflito por meios políticos e diplomáticos.
O fortalecimento do Brics é sinal de que estão em curso rápidas transformações no mundo. Os países do Sul Global fortalecem sua cooperação e se mostram mais dispostos a preservar sua soberania e desempenhar um papel de peso na economia e política globais, criando uma situação nova que consiste na aceleração do processo de instalação do mundo multipolar.
Em momentos como este de grandes transformações, o Brics é uma espécie de "grande família" da integração dos países em desenvolvimento na resistência aos abusos de poder, às sanções, à unilateralidade, às ameaças de coerção, fragmentação e isolamento. Por isso, desempenha um crescente papel na economia internacional e na geopolítica. O mundo não se sente mais representado pelos velhos mecanismos de exercício de dominação econômica e política das potências imperialistas ocidentais. Os países e povos, que lutam por progresso, autodeterminação e justiça, desejam uma verdadeira cooperação e desenvolvimento compartilhado, o que somente será alcançado por meio de mecanismos de integração não baseados em objetivos hegemônicos. Esse anseio empurra os países de desenvolvimento emergente a buscarem alternativas de associação a grupos que representem os interesses da maioria das nações e povos. Sob todos os aspectos que se analise, o Brics é um fator positivo que se acrescenta à resistência e à luta dos povos pela paz, o direito internacional, o desenvolvimento e o progresso social.
Assim, o Brics se credencia cada vez mais a desempenhar um papel protagonista na luta por um novo ordenamento político e econômico global, o que inelutavelmente altera a correlação de forças, porquanto confronta os desequilíbrios, as desigualdades e injustiças, pondo em xeque a atual hegemonia, ao fortalecer o campo das forças do progresso social, do desenvolvimento nacional e da paz. Trata-se de uma tendência que as forças imperialistas não podem deter.
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