Auxílio emergencial: envolver o povo para não depender de migalhas
Nesse cenário desolador, urge a necessidade dos movimentos sindicais e sociais retomarem o ideal de uma renda mínima universal, que seja redentora e não submeta a nossa gente ao sofrimento e a humilhação
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Quando se fala em auxílio emergencial, as imagens que me vêm à lembrança são das filas intermináveis em frente às casas lotéricas e agências da Caixa Econômica, inclusive com relatos de pessoas que dormiam ao relento, enfrentando sol e chuva, para garantir o benefício no início de 2020. Muitas delas, sequer possuíam uma conta bancária, tal a invisibilidade social a que estavam relegadas.
Já naquele tempo, esse era o drama vivenciado pelas famílias pobres brasileiras, em sua maioria chefiada por mulheres, que se viram impossibilitadas, devido à pandemia, de batalhar pelo sustento de seus filhos e agregados.
Enquanto a população enfrentava tantos percalços, Jair Bolsonaro viu sua aprovação subir entre os beneficiados, como se fosse o responsável pelo pagamento dos R$ 600, e não os parlamentares da esquerda brasileira que se opuseram duramente aos ínfimos R$ 200 que ele defendia desde o início.
Nem a ideia chegou a ser dele. O auxílio emergencial foi inspirado numa proposta da década de 1990, do então senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que requeria uma renda mínima para a população em vulnerabilidade social, garantindo condições mínimas de sobrevivência, “ao menos o básico para o exercício da cidadania”, dizia ele.
Passado um ano, no auge das piores crises sanitária e financeira já instauradas na história do país, o auxílio emergencial, que atendia a 68,2 milhões de brasileiros, retorna excluindo 22,6 milhões de pessoas, com valores irrisórios e pagos em quatro parcelas que variam entre R$ 150 e R$ 375. Isso, num difícil momento em que o desemprego assola 13,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, fora os desalentados que somam outros milhões que já desistiram de esperançar.
Portanto, é um auxílio que não auxilia e nem chega em tempo, apenas escancara o grau de vulnerabilidade social a que está submetida uma significativa parcela de nossa população.
Nesse cenário desolador, urge a necessidade dos movimentos sindicais e sociais retomarem o ideal de uma renda mínima universal, que seja redentora e não submeta a nossa gente ao sofrimento e a humilhação.
Que busquemos - seja lá onde for - forças para edificar nosso ideal de luta pela erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais, que são direitos garantidos pela Constituição Federal. Que ocupemos todos os espaços de fala e tomemos as ruas e as redes sociais para exigir do governo federal o cumprimento da lei que, para se materializar, necessita de políticas sociais efetivas. Somente assim, livraremos o Brasil do caos.
Mas para que tudo isso aconteça, precisamos voltar à lição mais básica do trabalho de base: envolver o povo.
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