Áudio de Dallagnol não deixa dúvidas: PF tem que investigar o conteúdo, não o mensageiro
"Não há mais como postergar investigação a respeito do conteúdo das conversas e não de como foram obtidas, pois juristas apontam indícios de crimes contra o devido processo legal e abuso de poder", escreve o jornalista Alex Solnik
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
Em mensagem em áudio ao grupo Filhos de Januário 3, integrado pelos procuradores da força-tarefa da Lava jato chefiada por ele, Deltan Dallagnol comunica, a 28 de setembro de 2018 que o ministro Luiz Fux acabara de revogar a decisão de seu colega Ricardo Lewandovski que autorizara entrevista do ex-presidente Lula a Monica Bergamo, da “Folha” e a Florestan Fernandes, de “El País”.
Pede reserva para que o “o outro lado” não entre logo com recurso e diz que foi um “bom dia” depois de uma semana ruim.
Fala de forma discreta, sem fazer alarde nem soltar foguetes, nada no estilo “aha hu o Fachin é nosso”.
Mais importante que o seu conteúdo é o fato de que o áudio existe. O país ficou sabendo que o chefe dos acusadores da Lava Jato usava um meio secreto de se comunicar com seus colegas no aplicativo Telegram sob o codinome Filhos de Januário 3.
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Divulgado agora há pouco pelo “The Intercept Brasil”, ele põe uma pá de cal nas especulações sobre a autenticidade dos diálogos vazados por uma fonte anônima. As alegações do juiz Sergio Moro e de Dallagnol não se sustentam de hoje em diante.
Não há mais como postergar investigação a respeito do conteúdo das conversas e não de como foram obtidas, pois juristas apontam indícios de crimes contra o devido processo legal e abuso de poder, o que pode levar à anulação de julgamentos como o do ex-presidente Lula e punição de Moro e de Dallagnol.
A Polícia Federal, paga pelos contribuintes para realizar operações independentes, doa a quem doer, tem que provar sua independência, investigando até mesmo o chefe do ministério sob cujas asas a instituição se abriga.
Caso contrário, estará descumprindo seu papel constitucional.
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