Atraso fascista contra Stédile

Numa agressão que lembra a cusparada em médicos cubanos que em 2013 foram ao Ceará para assumir o programa Mais Médicos, líder do MST foi recebido por gritos de intolerância e ódio quando chegou a Fortaleza: "MST, vai prá Cuba do PT." Reféns da Guerra Fria, os manifestantes precisam ser informados de que Barack Obama encerrou o bloqueio decetrado por Washington há mais de meio século.



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Ao desembarcar em Fortaleza, ontem, para um encontro de sindicalistas, a ser seguido, hoje à noite, por  uma palestra num Seminário sobre Corrupção e Reforma Política, na UFC, o líder do MST João Pedro Stédile teve direito a enfrentar um protesto fascista que tem marcado -- tristemente -- a vida política da capital do Ceará.

 "MST, vai prá Cuba do PT," gritavam manifestantes, que perseguiram Stédile assim que ele desceu do avião. 

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 A cena faz parte de uma paisagem frequente em grandes cidades brasileiras, alvo de manifestações de intolerância e ódio contra lideres políticos que têm todo direito de circular, sem serem incomodados, pelos locais públicos de um país que há 30 anos construiu uma das maiores democracias do planeta.

A agressão também reproduziu, em outra escala, mas no mesmo aeroporto, uma manifestação repulsiva ocorrida em agosto de 2013, quando médicos cubanos desembarcaram na cidade para assumir seu lugar no programa Mais Médicos, recém relançado  pelo Ministério da Saúde.

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Como os brasileiros irão recordar, no apogeu da manifestação uma doutora de avental branco cuspiu num colega que vinha de Cuba, para assumir uma responsabilidade que os médicos brasileiros se recusam a encarar -- cuidar da saúde da população pobre das periferias e lugares distantes distantes, onde sua atuação logo se mostrou indispensável.

Entre outras coisas, a agressão a Stédile mostra uma visão anacrônica sobre o mundo de hoje. Coisa de gente que não consegue abandonar os escombros da Guerra Fria.  

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O grito de guerra contra Cuba chega a ser risível depois que o presidente Barack Obama reatou relações diplomáticas com o governo de Raul Castro, quebrando um vergonhoso bloqueio de mais de meio século, que tantos males causou a população cubana, além de estimular o nascimento de ditaduras no Continente, inclusive o golpe de 64 no Brasil. (A resistência de João Goulart a aderir a política de isolamento do Washington foi a principal  causa para que a Casa Branca desse o sinal verde para o golpe civil militar que o derrubou.)

A recepção se torna ainda mais ridícula quando se recorda que Stédile, hoje, é personagem recebido com frequência no Vaticano do Papa Francisco, liderança que, com uma atenção prioritária para a população pobre e oprimida do mundo, tem-se mostrado uma das vozes mais lúcidas em meio ao dificil situação mundial.

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 A agressão tampouco faz justiça a história progressista do Ceará, que já deu uma lição de seus valores humanistas ao Brasil inteiro. Em 1884, quatro anos antes da lei Aurea de 13 de maio, os cearenses foram a primeira província do império a abolir a escravidão.

 

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(Leia mais sobre o seminário de Stédile aqui: http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/197984/Advogado-explica-porque-resistir-%C3%A9-preciso.htm)

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