Atores do golpismo

Tucanos, como Aécio, FHC, Alckmin e Serra, são atores do golpe, mas não estão sozinhos. A eles se juntam Eduardo Cunha, Michel Temer, Gilmar Mendes e a mídia



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Nesta conjuntura vertiginosa, os acontecimentos se sucedem freneticamente. A dinâmica política confirma o lema de uma emissora nacional de rádio e televisão – “em 20 minutos, tudo pode mudar”.

As certezas e vitórias cantadas por cada lado do espectro político ao fim de cada dia – pela oposição golpista ou pelo campo democrático-constitucional de resistência ao golpe –, se evaporam durante as madrugadas. E assim os dias amanhecem com novas incertezas e com os cenários de disputa em aberto.

Não há evidências de que essa conjuntura instável, imprevisível e cheia de lances dramáticos, se altere nos próximos meses.

Neste cenário de “instabilidade constante”, o aspecto de maior previsibilidade é o comportamento dos atores golpistas mais proeminentes: movidos por um ódio irascível e obsessivo contra o PT, eles são dotados de uma capacidade impressionante de armar traquinagens e vigarices.

A lista desses atores começa, naturalmente, por Eduardo Cunha. O Presidente da Câmara dos Deputados tem uma conduta que dificulta a precisão diagnóstica, embora apresente uma sintomatologia compatível com a de um gângster psicopata. Ele nega com um descaramento assombroso a existência de contas bancárias na Suíça, abastecidas com dinheiro sujo da corrupção na Petrobrás. A Polícia Federal descobriu que este malandro, pródigo em truques regimentais, curiosamente usa um táxi como disfarce para transportar a si mesmo – e sabe-se lá para carregar quais ilicitudes mais.

O Mimi-Michel Temer é outro personagem especial. Vice-presidente “Decorativo” da República, na hora decisiva demonstrou que aquela fama de constitucionalista, ostentada numa postura nobiliárquica, não passa de pura empáfia: calou ante a manobra inconstitucional de Cunha, que admitiu a denúncia de impeachment sem causa determinada – ou melhor, sem nenhuma causa. Invocando uma falsa neutralidade, Temer adota atitude olímpica frente às seguidas estripulias golpistas e ilegais de Eduardo Cunha. Como presidente do PMDB, arquitetou as tramóias partidárias na Câmara dos Deputados para conspirar e derrubar a presidente Dilma, articulando a substituição do líder da bancada partidária e indicando peemedebistas de oposição para a Comissão Especial do Impeachment. Mimi-Michel quer ocupar a cadeira presidencial de Dilma a qualquer preço, nem que para isso tenha de sacar a máscara de democrata e constitucionalista.

Gilmar Mendes, outro ator importante do golpismo, só é ministro da Suprema Corte por uma questão acidental. Fosse outro o país, menos tolerante com canalhices escondidas numa toga, ele já teria sofrido um processo de impeachment, porque não reúne as condições de serenidade, razoabilidade e isenção indispensáveis para o cargo. Em lugar do embasamento jurídico, apela ao proselitismo tucano-reacionário. Na sessão do STF que anulou o rito do impeachment manipulado por Cunha, Gilmar abandonou a hermenêutica e partiu para ataques ao governo, citando inclusive um artigo do seu líder no Senado, o Senador José Serra! Certa feita, seu então colega de STF, Joaquim Barbosa, acusou Gilmar de ter capangas. Verdade ou não, o fato é que, pelas posições assumidas, o ministro Dias Toffoli se candidata a este título tão vergonhoso.

O PSDB, que há muitos anos se juntou à velhacaria política do Brasil, ataca em todos os flancos. FHC, o conspirador-chefe, rege a orquestra de interesses heterogêneos onde se movem Alckmin, Aécio e Serra – todos unidos na estratégia golpista, porém separados quanto à tática e ao timing do golpe. É uma trajetória lastimável do PSDB; um partido que abandonou tristemente sua tradição de defensor da democracia, lapidada na luta contra a ditadura.

A mídia oposicionista é outro ator importante da dinâmica do golpe, senão o mais importante. É ela que cimenta a narrativa dos acontecimentos a partir da estratégia inteligentemente formulada pelo condomínio jurídico-policial-midiático de oposição. Esta mídia hegemônica recorta e seleciona a realidade, tornando palavra proibida qualquer menção à gênese da corrupção na Petrobrás, que data do período do governo FHC. No vale-tudo do golpe, assassina a verdade e a imparcialidade, em nome da sanha odiosa contra o PT, Lula, Dilma e o povo pobre.

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