Ato pede Justiça para Moise e população negra no Itamaraty
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No último sábado (05/02) tivemos manifestações contra o assassinato de Moise Kabagambe nas principais capitais do país, e Brasília não foi exceção. O ato começou pela manhã de sábado em frente ao Ministério de Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty.
O jovem de 24 anos veio ao Brasil procurando asilo graças à situação política de seu país, República Democrática do Congo, que passou duas décadas nas mãos de Joseph Kabila, e matou muitos jovens que protestaram contra seu governo, especialmente durante o período de crise em 2016.
O ato em Brasília perdurou até o começo da tarde e contou com uma performance em que os participantes lavaram tinta vermelha no chão. Veja o vídeo da performance.
Nós entrevistamos Samuel Vitor Gonzaga (22 anos), estudante universitário e ativista periférico no movimento negro, especialmente como membro do movimento Pelas Vidas Negras (DF) e coordenador do Emancipa (DF). Para ele, o ato foi “uma das muitas mobilizações que infelizmente tivemos que fazer. A gente não tem o direito de ficar em casa, pois no Brasil a cada 23 minutos é assassinado um jovem negro, isso sem contar suicídios, feminicídios e outras formas de mortes de pessoas pretas que esse sistema produz.”
Já sobre a conjuntura política do assassinato de Moise, ele acredita que “o Brasil, o capitalismo, o racismo coloca pretos contra pretos a muito tempo. Ainda hoje na Fundação Palmares temos uma representação de um capitão do mato, que vai contra nossa população preta, por grana, poder, sem um pingo de consciência racial e de classe. Em busca desse poder também, que a propaganda nos vende, impondo uma realidade muito longe da nossa ancestralidade e da nossa vida atual, em que vemos facção A x facção B, ou policiais pretos da favela lutando contra ela, numa guerra às drogas inútil que beneficia principalmente a indústria bélica e o próprio sistema capitalista, uma vez que mata parte do excedente de desempregados.”
Para ele, Moïse foi “mais uma vítima, vítima da xenofobia, do racismo e do capitalismo que causa guerras nos países periféricos fazendo com que ele saia da República Democrática do Congo na esperança de ser acolhido pela pátria amada Brasil.”
No entanto, o ato do Distrito Federal também se estendeu a outros assassinatos à pessoas negras recentes no Estado, sobre o qual nosso entrevistado também discorreu: “ (...) é preciso falar sobre Durval, um homem negro que foi morto pelo seu vizinho, militar da marinha, branco, e sobre Gustavo, jovem negro de 17 anos, morto na Samambaia (DF), pela polícia militar com um tiro no peito, que foram incluídos na pauta desse ato.”
Na sua visão, essas mortes trazem diferentes debates. No primeiro caso, de Durval, sobre a flexibilização das armas de fogo, que aconteceu com grande magnitude durante o governo Bolsonaro. Já no segundo, com Gustavo, jovem morto pela polícia, ele considera que devemos refletir sobre a militarização e o histórico colonial da própria polícia, assim como de nossas leis penais, da função da organização na atualidade.
“Já denunciamos e fizemos atos para vários casos semelhantes, o músico que sofreu 80 tiros, Marielle Franco, Agatha, João Pedro...E a justiça burguesa não fez nada e a grande mídia se cala, mas sabemos que não querem a justiça que buscamos! Por isso seguiremos com atos, como o de hoje que chegou a 300 pessoas e os dos anos anteriores que também nos colocou nas ruas, mesmo durante a pandemia, por justiça para Moïse, justiça para Durval, para Gustavo e pras incontáveis pessoas que perdemos.”
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